FC Porto viaja em primeira à boleia de Herrera

Mexicano abriu e Otávio fechou uma goleada que coloca os “dragões” em posição privilegiada para chegar aos “oitavos” e acabou com o sonho russo.

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LUSA/JOSÉ COELHO

O FC Porto voltou a impor-se ao Lokomotiv de Moscovo com nova vitória expressiva (4-1), segurando a liderança do Grupo D, com 10 pontos, que deixam os “dragões” a um ponto dos “oitavos” e de um importante balão financeiro para os cofres portistas. Para os russos, ainda sem um único ponto da Champions, este foi o canto do cisne, restando-lhes a possibilidade de discutir com o Galatasaray (derrotado em Gelsenkirchen) a continuidade na Europa. 

Indiferente aos dramas alheios,  Sérgio Conceição, que previra dificuldades extra para o duelo do Dragão, reservou um trunfo ao sublimar, na véspera, o brio do “renegado” Herrera, cujo espírito inquebrável enalteceu. O treinador condicionava positivamente o mexicano e atraía Yuri Semin para um jogo de sombras, ao revelar as queixas físicas do “capitão” portista, em dificuldades desde o jogo de Moscovo.

E Herrera, que surgiu com alguma surpresa no lugar destinado a Otávio, não tardou a justificar os elogios do técnico com um golo no primeiro lance do encontro. O “dragão” estava na frente e em perfeitas condições para explorar os benefícios de uma vantagem precoce, frente a um adversário instado a expor-se de uma forma ainda mais arriscada para evitar a saída automática de cena na Champions.

O FC Porto, com o sangue novo de Corona, na direita, preparava-se para explorar as possíveis dúvidas de Idowu, destacado para fechar o corredor esquerdo dos moscovitas, onde acabou por irromper Maxi Pereira, a combinar com Marega. O maliano antecipou-se a Howedes e deixou Herrera enquadrado com a baliza, para o tal golo madrugador que ameaçava fazer descarrilar a estratégia de Semin. Apesar da entrada decidida, o campeão português experimentou algumas dificuldades face à reacção imediata dos “ferroviários”, que os portistas acabaram por conseguir controlar, sem verem beliscado o domínio territorial, apesar de alguns arrepios. Como aviso ficaram dois remates dos irmãos Miranchuk, perante a incredulidade de Iker Casillas. 

Sob chuva copiosa, o jogo prosseguia com o FC Porto a recuperar o fôlego e o comando, mas a hesitar demasiado na zona de decisão, onde chegava com extrema facilidade, perante um estado estranhamente vegetativo da defesa russa, salva apenas pela inépcia “azul e branca”. Sérgio Conceição desesperava tanto pelo desperdício como pela fraca reacção à perda de que resultavam , invariavelmente, situações de apuro para a defesa portista. Mas o Lokomotiv, que até ao intervalo dispôs de tantos remates como os “dragões”, nunca acertou com a baliza.

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E foi já quando o intervalo se fazia anunciar que Marega “apitou” pela terceira vez na Liga dos Campeões, aproveitando um passe artístico de Herrera para ampliar o resultado. Com o Galatasaray a perder na Alemanha, o FC Porto estava praticamente com os dois pés nos oitavos-de-final, faltando 45 minutos para confirmar a terceira vitória e a liderança isolada no Grupo. 

Sem alternativa, Yuri Semin lançava o peruano Farfán para a segunda parte, sacrificando Manuel Fernandes. O Lokomotiv partia, declaradamente, em busca de um golo que lhe permitisse reentrar na discussão do encontro. Um cenário que foi ganhando forma e força à medida que o Dragão assistia ao confrangedor encolher da equipa portuguesa, não obstante o remate de Corona a fazer estremecer o poste da baliza russa... Exactamente dois minutos antes de Farfán bater Iker Casillas na sequência de um canto (59’).

O Lokomotiv  de Moscovo forçava o empate, mas, tal como na Rússia, o FC Porto restaurava a confiança e a vantagem de dois golos na sequência de um erro do guarda-redes Guilherme, desconcentrado numa reposição de bola deficiente, que acabou com Corona a marcar o golo que tirava a equipa de uma situação de aperto.

O FC Porto caminhava para um final controlado, com Sérgio Conceição a gerir o desgaste sem perder de vista a possibilidade de vincar a diferença entre as duas equipas, o que no final se cifrou em cinco golos, com esclarecedores 7-2 no balanço dos dois jogos. Tudo porque Otávio ainda teve tempo para fechar as contas com um remate fulminante, fundamental para elevar o espírito do “dragão”, até porque em circunstâncias semelhantes, na época de 2015-16, em pleno consulado de Julen Lopetegui, o FC Porto acabou por desperdiçar uma qualificação fácil, quando (também com 10 pontos em quatro jogos) precisava de um simples ponto para poder fazer companhia ao Chelsea, tendo então sido surpreendido pelo Dínamo de Kiev

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