Espírito de Óliver e Herrera para abrir porta dos “oitavos”

Sérgio Conceição alerta para um Lokomotiv diferente daquele que o FC Porto bateu em Moscovo, dizendo-se indiferente às motivações do campeão russo, num grupo difícil e “equilibrado”.

Foto
LUSA/MAXIM SHIPENKOV

O FC Porto recebe esta noite o Lokomotiv, cabeça de série do Grupo D, com a perspectiva real de poder encerrar a questão do apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões e, inclusive, de ir em busca de igualar o recorde de 1996-97, quando somou 16 pontos na fase de grupos.

Para assinalar o 200.º encontro do clube na Champions, desde 1992-93, Sérgio Conceição pede um início forte, como o que projectou a equipa para a vitória na deslocação a Moscovo. Mas o treinador do FC Porto antecipa um cenário que pode criar maiores dificuldades ao campeão português.

Foto

“Não entendo essa questão da motivação extra do adversário, que tem de ganhar para sonhar em qualificar-se ou conseguir pontos para, pelo menos, continuar na Europa. A motivação tem que ser diária e não depender desses factores”, defendeu o técnico portista, para quem é “normal que o Lokomotiv queira e pense num resultado positivo”. Conceição admite que as alterações que Yuri Semin deverá introduzir revelarão uma equipa com uma “dinâmica diferente, para melhor”, mas sustenta que não impedirão os “dragões” de fazer tudo para conseguir os três pontos, seja com um golo a abrir ou no último minuto. Até porque o treinador português não acredita em facilidades num grupo “que tem três equipas separadas por três pontos, apesar de o FC Porto ainda não ter perdido qualquer partida”.

Com a qualificação para os “oitavos” a poder ficar resolvida em caso de vitória, o que permitirá atingir a marca de 1996-97 caso a equipa vença os restantes encontros do grupo, Sérgio Conceição evita estabelecer comparações, aceitando discutir os exemplos de Óliver Torres e de Herrera como símbolos de um balneário solidário. “A estratégia é não fugir à identidade da equipa. Pode mudar um ou outro jogador”, explica, sem tornar as questões pessoais.

“Não se trata de castrar o que o Óliver tem de melhor. Mas o futebol é velocidade, intensidade, duelos, ganhar a primeira bola, ganhar a segunda bola. E ele melhorou no jogo sem bola. Não foi numa conversa, foi fruto de muitas unidades de treino”, justifica, para esclarecer o reaparecimento do espanhol.

“Em 90 minutos, um jogador tem, no máximo, dois minutos de posse de bola. A menos que seja o Messi... ou o Brahimi, quando sai do registo que quero. O futebol é correr, movimento, solicitar, participar e todos sabemos que essas não são as características do Óliver. Eu entendo um médio como um jogador que se complementa para ter mais chegada à área adversária. Ele tinha que mudar para entrar na equipa, e percebeu isso”, garante, complementando esta informação com o reverso da medalha.

“Estranho que ainda não me tenham falado no Herrera. Mas aproveito para dizer que desde o jogo com o Lokomotiv que ele está condicionado e que tem feito um esforço enorme sempre que é chamado”, revela de forma a dissipar dúvidas quanto à ausência do internacional mexicano. “Tem dado o que pode e o que não pode para ajudar a equipa. É a prova mais evidente de um jogador em fim de contrato que está de corpo e alma connosco. Isto é bem representativo do que é o espírito no balneário. E isso, para mim, é o mais importante!”.

Mas Sérgio Conceição, que diz perseguir a perfeição através de “um trabalho exaustivo” sempre atento aos pormenores, insiste que a chave do êxito, tanto neste jogo com o Lokomotiv, como nos demais, depende “da organização defensiva, que tem de ser a base”, sublinhando o facto de o FC Porto possuir a melhor defesa e o melhor ataque no campeonato, mesmo com o goleador Aboubakar lesionado.

E se a finalização, apesar das contrariedades, não tem sido um problema para os “dragões”, do lado do Lokomotiv é uma preocupação bem presente. “Analisámos os três jogos anteriores e penso que merecíamos ter mais pontos. Tivemos muitas oportunidades e faltou concretização. Vamos tentar corrigir isso neste jogo, pois no futebol ganha quem marca golos”, assumiu Yuri Semin, que poderá apostar no peruano Jefferson Farfán como titular.

Sugerir correcção
Comentar