O objectivo é chamar a atenção para a falta de mobilidade em Lisboa, a fórmula escolhida uma corrida entre um Ferrari e um burro. A iniciativa do PSD prevista para esta sexta-feira, às 8h45, está debaixo de fogo. O Pessoas Animais Natureza (PAN) e a ANIMAL já lamentaram a iniciativa e há uma carta escrita pela associação que está a ser enviada "a um ritmo considerável" para o email dos sociais-democratas.
Colocar um burro a fazer uma corrida com um automóvel, escreve Rita Silva da ANIMAL, em comunicado, "não só não é algo razoável e que só serve para ridicularizar o animal em questão, mas também pode chegar ao nível da ilegalidade."
Numa nota na página do Facebook, o PAN rejeita "veementemente a utilização de animais" em acções de campanha, apelidando a iniciativa de "circo de rua" e lamentando o "claro desencontro entre a evolução ética e civilizacional e as práticas partidárias em Portugal, facto que obviamente se reflete na falta de visão política quanto à protecção dos Direitos dos Animais."
Na quarta-feira, o PSD comunicava a realização da corrida e não deixava esquecer que o actual primeiro-ministro António Costa tinha sido o "inventor" da ideia, em 1993, quando a autarquia lisboeta era a meta a alcançar: "Nas palavras do próprio organizador, o evento saldou-se como uma das mais enriquecedoras experiências políticas [que viveu]."
"Hoje, quando, mais do que nunca, os lisboetas vêem ser diariamente posta à prova a sua mobilidade, senão mesmo a sua capacidade para saltarem obstáculos, o PSD Lisboa entende que é chegado o momento de regressar às origens e homenagear o "costismo" e os seus seguidores com a segunda corrida entre um burro e um Ferrari", referiu o partido num comunicado.
Para o PAN, a discussão deve ser feita noutros palcos: "Pensar a mobilidade é reflectir sobre a criação de infra-estruturas adequadas, a requalificação dos espaços públicos, a criação de espaços de lazer para todos, a idealização de modelos de transporte em que as energias limpas e renováveis sejam de facto o seu motor de desenvolvimento", argumentam, acrescentando ainda uma sugestão em tom irónico: "Se o problema é a mobilidade, temos uma solução propor à organização do dito evento: vão antes de bicicleta."
A ANIMAL está a pedir que se "inunde a caixa de emails e redes sociais" do PSD e espera ainda que o partido "reconsidere e cancele tão ridículo acontecimento". Para a associação está em causa uma questão legal: "De acordo com o estabelecido na Lei n.º 92/95, de 12 de Setembro, no seu artigo 1.º, ponto 3, alínea a é proibido: 'Exigir a um animal, em casos que não sejam de emergência, esforços ou actuações que, em virtude da sua condição, ele seja obviamente incapaz de realizar ou que estejam obviamente para além das suas possibilidades'."