Burro da Graciosa continua sem registo genealógico

Com o registo, os criadores poderiam receber anualmente um apoio de 150 euros por animal. Presidente da associação diz que população e autoridades têm "pouco carinho" pelo seu burro

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Nuno Ferreira Santos

O presidente da Associação de Criadores e Amigos do Burro Anão da Ilha Graciosa, nos Açores, reconhecido há um ano como raça autóctone, lamenta a inexistência do registo genealógico que permitiria aos criadores obterem apoios. "Até agora não foi feito o registo de nenhum animal. Cada DNA (informação genética) tem um custo de 35 euros (por animal) e a associação é pequena. É uma questão de dinheiro", afirmou Franco Ceraolo à agência Lusa, acrescentando que a associação tem 20 associados, alguns dos quais estrangeiros.

O reconhecimento como raça autóctone do burro anão da Graciosa surgiu em finais de Junho de 2015, na sequência de estudos biométricos e genéticos realizados pelo Centro de Biotecnologia da Universidade dos Açores, liderados pelo professor Artur Machado. Franco Ceraolo, italiano de 61 anos que reside na Graciosa há oito, explicou que, tal como ocorre com o burro de Miranda, raça que já dispõe de um livro genealógico, os criadores do burro anão na Graciosa também poderiam receber anualmente um apoio de 150 euros por animal para manter e aumentar o seu número se tivessem concluído a elaboração do livro genealógico.

Segundo disse o presidente da associação, será realizada este mês uma assembleia geral para tentar ultrapassar o constrangimento da falta de dinheiro para efectuar o DNA dos 70 burros anões que existem, actualmente, na ilha Graciosa e enviar os dados para a Direcção-Geral de Veterinária, em Lisboa. Além do apoio financeiro aos criadores, Franco Ceraolo referiu que a raça também fica valorizada com a inscrição num livro genealógico, pois "permitirá conhecer melhor as características genéticas, os antepassados dos animais e o preço de venda no mercado subirá".

"Ninguém fez nada até agora"

O presidente da associação manifestou, ainda, algum desagrado por a população local e as autoridades regionais terem "pouco carinho" pelo seu burro, apesar de a raça ter muitas potencialidades turísticas, entre outras. "Não sei qual é o problema, não sei se é porque um estrangeiro fica em cima do assunto. Ninguém fez nada até agora", referiu o responsável, realçando estar em causa um animal "muito mansinho, ideal para lavrar terra e transportar pessoas e bens".

Natural de Roma, Franco Ceraolo mudou-se para uma quinta na Graciosa depois de se reformar, sendo actualmente proprietário de dez burros, dois machos e oito fêmeas. Com origem no norte de África, o burro da Graciosa tem cor cinza, riscas nas costas, barriga ou pernas e pouco mais de um metro de altura.

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