Não é a política, é a felicidade!

Se formos mais felizes podemos ultrapassar facilmente desafios. Parece conversa motivacional barata. Talvez seja. Talvez sejam as coisas simples e baratas que fazem falta na política do dia-a-dia

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Luca Upper/Unsplash

Experimentem exprimir ou partilhar alguma coisa relacionada com política. Ou são completamente ignorados ou lá vem um rol interminável de comentários com pessoas a escolheram, deliberada e conscientemente, lados opostos da barricada, incluindo pessoas que se transfiguram no processo e se tornam irreconhecíveis. Se a barricada não existir logo se inventa uma, definida por siglas partidárias.

Luta-se pela razão e pela defesa da dama política, que de donzela tem pouco, pois é mal-afamada, mal-amada e usada de forma descartável para os desejos do momento de quem com ela quer dar uma voltinha rápida. Afinal era só uma aventura, dizem alguns. Mas a culpa não é dela, pois a política é a manifestação dos seus actores e suas práticas.

Mas tudo isto para quê? A política é um meio ou um fim em si mesmo? O que interessa afinal?

Interessa a felicidade! Não deveria ser objectivo de todas as políticas a felicidade humana, consciente dos meios e modos para lá chegar? Podíamos ter os cofres cheios, ser os mais exportadores, os mais cultos, os campeões das medalhas de ouro, mas isso garantiria felicidade?

Se formos mais felizes podemos ultrapassar facilmente alguns desafios. Parece conversa motivacional barata. Talvez seja. Talvez sejam as coisas simples e baratas que fazem falta na política do dia-a-dia.

Para além dos programas políticos não serem claramente transmitidos, ainda menos nos explicam como contribuem para a nossa felicidade. Se fosse claro como é que uma ideia de direita ou de esquerda contribui para a felicidade dos portugueses, talvez existisse mais interesse pelas políticas e propostas que cada partido faz, tal como a distinção entre correntes ideológicas. A felicidade pode ser o objectivo final comum, mas igualmente relevante será o processo. Numa sociedade individualista como a nossa, para o bem e para o mal, será que as pessoas estão disponíveis para serem infelizes no presente somente porque isso permite depositar esperanças de mais felicidade no futuro? Estamos preparados para este investimento?

A economia já se vai assumindo como a ciência que optimiza as actividades produtivas e os recursos finitos para poder cumprir as infindáveis e inesgotáveis necessidades humanas, sendo que a principal e derradeira necessidade humana é a felicidade. Então quando será a vez de se assumir a felicidade como objectivo político?

Que melhor indicador de avaliação da política e das políticas podemos querer que a felicidade? Deixo estas questões para reflectirmos, o mais alegremente que pudermos.

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