Estudantes de arquitectura querem dinamizar mercados municipais de Lisboa

Projecto de alunos de mestrado de arquitectura do ISCTE-IUL reúne propostas de intervenção para os mercados de Arroios, de Campo de Ourique, da Ribeira e 31 de Janeiro

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O Mercado de Campo de Ourique precisa de organizar o funcionamento e a ocupação do espaço DR

Um espaço multicultural para concertos, uma cobertura ajardinada com esplanadas ou a organização de feiras temáticas que promovam os produtos regionais são algumas das propostas de estudantes de arquitectura para dinamizar os mercados municipais de Lisboa.

O projecto M&M's Lx — Mercados Municipais de Lisboa, desenvolvido por alunos em mestrado de arquitectura do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), do Instituto Universitário de Lisboa (IUL), reúne propostas de intervenção para os mercados de Arroios, de Campo de Ourique, da Ribeira e 31 de Janeiro.

Na apresentação do projecto, que decorreu quarta-feira no Centro de Informação Urbana de Lisboa, a professora responsável do ISCTE-IUL, Paula André, explicou que a ideia surgiu de "um despacho da Câmara de Lisboa que pretendia chamar à atenção para a salvaguarda dos mercados municipais, que estavam em risco".

"Hoje, a cidade não usa o mercado da mesma forma como quando foram criados. É preciso pensar num novo uso, numa refuncionalização", disse à agência Lusa Paula André. Segundo a docente, que lecciona a unidade curricular de "Lisboa: rupturas e continuidades", os estudantes foram desafiados a investigar a história de cada mercado e a apresentar propostas de intervenção nos espaços, mantendo a zona de venda ao público e juntando uma nova função ao edifício ou à área envolvente.

Degradação e falta de dinamismo

No Mercado de Arroios, inaugurado em 1942, os problemas identificados foram "o estado de degradação e as bancadas vazias", reflexo de haver cada vez menos comerciantes, devido à perda de clientes, disse Rita Cosme, uma das estudantes de arquitectura. Os alunos propõem a criação de uma cobertura com espaços verdes e um espaço multicultural na cave do Mercado de Arroios, continuando o piso térreo com bancadas para venda ao público.

Inaugurado em 1934 e com uma reabilitação em 2013, o Mercado de Campo de Ourique precisa de "organizar o funcionamento e a ocupação do espaço, facilitando a circulação das pessoas", disse o aluno João Borges. Entre 2012 e 2014, parte do Mercado da Ribeira, inaugurado em 1882, foi convertida em espaços de restauração e entregue a sua concessão à empresa "TimeOut", porém existem "problemas a nível do estacionamento e de organização do mercado", explicou o estudante Luís Ferreira.

A proposta "o Mercado sai à rua" pretende dinamizar o espaço exterior do Mercado da Ribeira, na Praça Dom Luís I, através da implantação de quiosques onde decorrerão feiras temáticas que divulguem e promovam a venda de produtos regionais, criando relações mais próximas entre vendedores e clientes, aumentando o fluxo de turismo e as receitas de vendas. "O pouco uso e a pouca dinâmica no interior" do Mercado 31 de Janeiro, inaugurado em 1996, na freguesia de Arroios, foram os principais problemas apontados pela estudante de arquitectura Bárbara Constantino, que sugere a criação de uma zona com restaurantes, cafés e esplanadas com áreas ajardinadas no segundo piso, que actualmente não está a ser utilizado.

Para a docente Paula André, "a gestão municipal deveria, eventualmente, associar-se mais ao ensino académico, quer da arquitectura, quer do urbanismo", porque apesar de tratarem apenas de propostas de estudantes, "mostram também que muitas vezes há possibilidade, há alternativas, há soluções para aquilo que se pode pensar que é um espaço que já não tem utilidade". O Mercado de Alcântara, o Mercado de Belém, o Mercado de São Bento e o Mercado da Praça da Figueira são alguns dos equipamentos que não resistiram ao surgimento das grandes superfícies em Lisboa, referiu a professora do ISCTE-IUL.

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