Que Lisboa é uma bela cidade, já se sabe: é inequívoco e consensual. Os modos de olhar é que podem diferir. Podemos caminhar por ruas tortuosas de Alfama, imaginar o Pessoa em passada curta pelo Chiado ou apreciar o pôr-do-sol junto aos jardins de Belém. Mas também podemos mirar Lisboa de outra perspectiva. Do ar.
A proposta é da Lx Up, um projecto com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, que pretende tornar a capital lusa na cidade com mais miradouros em todo o mundo. É certo e sabido que os oficiais são 16, mas a ideia aqui é pôr os habitantes a mostrar os seus miradouros pessoais – e, melhor ainda, a partilhá-los com quem os quiser apreciar.
Guilherme Nunes, um dos criadores do projecto, crê que existe ainda outra dimensão adjacente a esta ideia: “outro objectivo mais profundo é o de fazer as pessoas partilharem as suas histórias, até hoje nunca visitadas”. “Saltamos à frente de muitas cidades”, prossegue, “porque já somos popularmente conhecidos pelos nossos miradouros. Nada mais natural, portanto, com tantas varandas, terraços e águas-furtadas”.
Motivos mais que suficientes para pôr os alfacinhas a abrir as suas portas e portadas, portões e portinholas para mostrar ao mundo a vista que só eles têm sobre a bonita Lisboa. Mas, uma vez que as coisas boas da vida só são boas quando são partilhadas, a Lx Up garante uma plataforma digital onde as fotografias destes miradouros pessoais podem ser partilhadas, tanto no site da iniciativa como no Instagram (@miradouros_escondidos) ou publicadas com o hashtag #LXUP.
E depois da partilha? O ideal é “que haja mais lugares assim, escondidos, bastando para isso que as pessoas, lisboetas ou turistas, registem na nossa plataforma e, se possível os abram para visitas”. Guilherme Nunes aproveita para fazer o apelo: “Lx Up é um projecto que precisa da ajuda de todos para acontecer. O único requisito é ter ou conhecer um espaço com uma vista privilegiada, seja para o registar e abrir as suas portas ao público, seja apenas para partilhar uma vista connosco. Contamos com a ajuda de todos para colocar no topo a cidade que nasceu no alto”. Afinal de contas, de que valem as belas vistas senão forem devidamente contempladas?
