“Este vai ser o ano da consolidação do Sport Rugby”

No dia em que o clube completa dois anos de vida, Nuno Gramaxo faz o balanço da actividade e projecta o futuro da equipa portuense

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Ao fim de dois anos de vida, o Sport Rugby já marcou uma posição de relevo no panorama nacional no râguebi feminino, mas a equipa do Porto tem objectivos mais ambiciosos e abrangentes. Nuno Gramaxo, presidente do clube, confessa ao P3 Râguebi que apesar de a falta de infra-estruturas desportivas na cidade Invicta continuar a ser um problema, a aposta no crescimento do número de atletas e a formação de uma equipa sénior masculina de sevens são metas a concretizar.

Que balanço faz dos dois anos de actividade do Sport Rugby?

Extraordinariamente positivo. O termos atingido mais de 100 atletas no final da segunda época foi muito motivador. Outro factor importante foram os excelentes resultados obtidos pela equipa feminina, que se sagrou campeã do torneio Inter-regional de sevens, vice-campeã nacional de sevens e campeã nacional de beach rugby. É muito gratificante ter mais de 100 atletas a representar o Sport Rugby, todos eles apresentando uma entrega total, característica que queremos que impere no clube. Tanto a direcção, como todos os treinadores, têm-se esforçado ao máximo para que o Sport Rugby seja um espaço de educação e valorização do jovem atleta.

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Quais foram as principais dificuldades com que se depararam?

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Para além das dificuldades económicas, já que os atletas não pagaram mensalidades durante dois anos, temos uma enorme falta de espaço para acondicionar todos os jogadores. A equipa feminina tem que treinar à noite, até às 23h30, o que condiciona muito a adesão aos treinos.

O crescimento do clube em número de atletas tem correspondido às expectativas?

Tem ultrapassado. Este vai ser o ano da consolidação do Sport Rugby, pelo que se torna obrigatório uma quase profissionalização da direcção e dos treinadores.

Quais são os vossos objectivos e projectos a curto e médio prazo?

A muito curto prazo arranjarmos balneários e um espaço de permanência para o Sport Rugby. A curto prazo sermos uma escola de promoção de valores e atitudes, e a longo prazo sermos um clube de referência no sevens.

Que avaliação faz do actual momento do râguebi feminino em Portugal?

Infelizmente tem decrescido o número de clubes no sul, devido às incorrectas medidas adoptadas, em especial pela errada aposta no XV e X. Felizmente no norte e centro do país optamos unicamente pela vertente de sevens, traduzindo-se essa opção num aumento significativo da qualidade das jogadoras e do jogo em si.

A aposta nos sevens é o único caminho a seguir pelo râguebi feminino? Não há condições em Portugal para jogar XV?

A única aposta é o sevens. A tentativa de alguns clubes de Lisboa em apostarem no XV, já prejudicou seriamente o râguebi, em especial no sul, levando ao desaparecimento de diversas equipas femininas. Queremos mais jogadoras, mais clubes e mais qualidade, pelo que a estratégia só pode passar pelo sevens. Está na altura da federação adoptar uma atitude congruente a assumir o sevens como a única forma de promoção e desenvolvimento do râguebi feminino em Portugal. Quando houver clubes com um número elevado de jogadoras, aí sim, é possível a existência de equipas de XV. Por enquanto é uma verdadeira utopia, e quem quer impor o XV no plano nacional, está a destruir o râguebi feminino.

Como é que é a relação institucional entre o Sport Rugby e o CDUP?

Excelente. Só queremos o melhor para os dois clubes. O CDUP é uma referência não só no râguebi nortenho como no nacional. Foi no CDUP que muitos de nós se fizeram jogadores e treinadores, pelo que respeito e admiro muito essa instituição. Ficava muito contente se o CDUP fosse campeão nacional.

Está nos horizontes do Sport Rugby a criação de uma equipa sénior masculina?

De sevens sim, de XV não.

Não considera estranho que, ao contrário de Lisboa ou Coimbra, no Porto apenas continue a existir uma equipa masculina sénior. Na sua opinião, qual o motivo para que nenhum outro clube se consiga manter no Grande Porto para além do CDUP?

As equipas de XV são muito dispendiosas e exigem estruturas que poucos clubes possuem. Em 1936 existiam sete equipas de XV no Porto e dois anos depois acabaram todas, porque deixou de estar disponível o único campo onde permitiam que se jogasse râguebi. O problema mantém-se… Não há campos de râguebi.

A actual direcção da FPR tem feito um bom trabalho no desenvolvimento do râguebi fora da região de Lisboa?

Infelizmente, a FPR não tem possibilidade de apoiar economicamente os clubes de fora de Lisboa, no entanto temos tido o apoio do professor Henrique Rocha, que por diversas vezes se deslocou aos nossos treinos e nos tem aconselhado significativamente. Temos igualmente recebido o apoio do professor Henrique Garcia, em especial na ajuda dada ao projecto “Valorizar os Valores by EDP Gás”, que tem sido fundamental para o crescimento e formação do râguebi no Porto.

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