Este jornalista reuniu em livro as frases imortais do futebol

Fífias como "O resultado não vai mudar muito, a não ser que alguém marque um golo" são tão eternas como os craques que as proferiram. Sérgio Pereira, jornalista desportivo, reuniu algumas num livro nostálgico

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São remates ao lado verbais que a história eternizou, tanto quanto os feitos desportivos. Dos "prognósticos no fim do jogo" de João Pinto aos "piores 20 minutos" da vida de George Best, Sérgio Pereira tomou como mote estas fífias para no livro "As Melhores Histórias do Futebol Mundial" tecer sobre cada uma crónica nostálgica e elogiosa.

A ideia partiu da editora: uma antologia em livro de fífias, gaffes e bacoradas proferidas pelo panteão de jogadores e dirigentes lendários. Mas Sérgio Pereira, jornalista desportivo há 14 anos, viu outra jogada. Mais do que troçar com estes génios de campo que se revelavam atrapalhados na retórica, Sérgio viu aqui uma oportunidade de exaltar uma maneira de viver o futebol que parece quase esquecida: com um sorriso na cara.

As fífias estão no livro, sim. Mas as páginas de "As Melhores Histórias do Futebol Mundial" estão estampadas com uma reverência pelas figuras retratadas misturada com uma espécie de troça íntima, apenas possível por quem sente que pertence ao futebol e que o futebol lhe pertence pela força do afecto.

É assim a história de Mané Garrincha, o craque brasileiro ágil mas ingénuo que nunca sabia contra que equipa estava a jogar. Depois de fazer as suas maravilhas em campo, apenas queria voltar para a aldeia natal de Pau Grande, onde jogava peladinhas em descampados e montava armadilhas para apanhar pássaros. É também assim a história de Bill Shankly, o devoto treinador do Liverpool FC que comandava o balneário com puro terror. É dele a frase "o futebol não é uma questão de vida ou de morte, é muito mais importante do que isso", e os fãs homenagearam-no com um estátua em Liverpool com a legenda "o homem que fez o seu povo feliz".

Sérgio Pereira recorda estes tempos com uma certa nostalgia, em que "o futebol era mais puro, e dependia mais de talento do que de ciência". O autor lembra que este era um sentimento transversal, que se espelhava desde a maneira como o futebol era jogado até à maneira como ele era discutido: "hoje temos uma retórica muito mais técnica quando falamos de futebol: basculações, entrelinhas, transições rápidas (como se houvesse transições lentas) — é como se o futebol fosse apenas para entendidos".

A chegada do livro vem coincidir com a febre da Copa que se aproxima, claro. Não resistimos a pedir prognósticos ao Sérgio: "É difícil assumir um favorito — Espanha continua muito forte, mas o plantel já está mais envelhecido. A Alemanha tem a equipa do Bayern, que está poderosa. E o Brasil joga em casa, impõe ainda mais respeito do que o habitual." Quanto a Portugal, Sérgio Pereira garante que a presença nos oitavos está garantida, "mas a partir daí vai ser difícil, porque dependemos muito do Cristiano Ronaldo e ele neste momento está com problemas físicos. É a mesma situação da Argentina, que depende de um Messi que fez uma época um bocado má". Ao fim de alguma pressão, o autor finalmente assume: "Acho que vai ser o Brasil a ganhar o Mundial".

Texto editado por Andréia Azevedo Soares

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