“O CDUP é um embaixador do Porto que não é acarinhado”

José Paulo Seruca, presidente do CDUP, lamenta que a cidade portuense “tenha pouco para oferecer”

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Após três anos como director de equipa dos Sub-18, José Paulo Seruca assumiu a presidência do CDUP a 3 de Outubro de 2013. Em entrevista ao P3 Râguebi, refere que as “condições degradadíssimas” do Estádio Universitário do Porto obriga os “universitários” a jogar em campos emprestados, o que “desmotiva muito” um clube que tem “perto de 250 jogadores federados”.

Assumiu a presidência do CDUP há cerca de cinco meses. Quais foram as principais dificuldades que encontrou?

A principal neste momento são as instalações, que estão em condições degradadíssimas. O problema do campo nem é não ter relva. É ter buracos. Limita-nos muito em qualidade de treino e não podemos jogar no nosso estádio. Nos balneários não há água quente e chove lá dentro. Os mais velhos já estão habituados, mas assusta os miúdos que querem vir jogar para o CDUP. Esperamos que tudo fique resolvido com as obras que a Universidade do Porto vai realizar, que vão começar pelo campo, bancada e balneários. Jogar sempre fora da nossa casa também desmotiva muito. Se jogarmos no Estádio Universitário haverá outra ligação com os nossos adeptos.

Quais são as prioridades do seu mandato?

Nestes três anos, a prioridade é ter a situação das instalações estabilizada, tendo um compromisso estável com a Universidade do Porto que nos permita saber o que podemos usar e como. Depois pretendemos angariar mais receitas através de patrocínios, dependendo menos das quotas dos jogadores, para melhorarmos o ginásio e investir na formação dos treinadores. Também queremos relançar o Clube de Rugby, para termos um ponto de encontro para os jogadores e para recebermos as equipas que nos visitam. Não temos um local para a “terceira parte”. Também por isso, os ex-jogadores, a massa que faz mover o clube, andam um bocado arredados do CDUP.

Com a uma mudança na Câmara Municipal do Porto, acredita que política desportiva na cidade irá mudar?

Espero que sim. Vamos tentar marcar uma reunião com o presidente, que tem o pelouro do Desporto. Nós somos muito representativos e devemos ser a modalidade na cidade do Porto que mais jogadores tem nas selecções nacionais. E há a possibilidade de termos jogadores nos Jogos Olímpicos. Tirando, eventualmente, o FC Porto na natação, não estou a ver mais ninguém na cidade que consiga isso. Somos um embaixador da cidade que não está a ser apoiado e, principalmente, acarinhado. Mas na verdade, a cidade do Porto, a segunda principal do país, tem pouco para oferecer.

O que vão dizer ao presidente da CMP?

A nível nacional, o CDUP é a única equipa fora de Lisboa que compete em todos os escalões, desde os seniores até aos sub-14, nas divisões principais. Neste momento temos perto de 250 jogadores federados. Equipas como o RC Montemor, o RC Lousã ou o CRAV têm muito apoio municipal e o nosso é perto de zero. Temos um pequeníssimo subsídio, via Associação de Rugby do Norte, que ronda os dois mil euros por ano. Mas o nosso problema não são os apoios monetários. São as infra-estruturas. Os clubes de Lisboa jogam quase todos em campos que eram terrenos municipais e no Porto nem se vislumbra uma possibilidade dessas.

Mereciam mais apoio e o “carinho” que referiu?

A nível de desporto não-profissional, excluindo o FC Porto, não tenho dúvidas que somos a equipa com mais oferta e resultados desportivos. A nível de desporto amador, não me lembro de mais ninguém que tenha todos os escalões nas divisões principais.

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