A Sexta de Bicicleta de Jorge Lino

A quem diz que é impossível andar de bicicleta na sua cidade, o professor da FEUP responde: "Nunca digas nunca!"

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Professor na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Jorge Lino utiliza a bicicleta para se deslocar para a faculdade há cerca de três anos. Embora não o faça com a regularidade que desejaria, motiva-o, essencialmente, a satisfação que alcança por se sentir espiritual e fisicamente melhor. Faz um percurso de cerca de dez quilómetros desde Ermesinde — a nove quilómetros do Porto — até ao pólo da Asprela da Universidade do Porto e à FEUP. À chegada, guarda o veículo no seu gabinete, devidamente arrumado, para não perturbar a entrada nem a movimentação. Agrada-lhe, ainda, o facto de contribuir para a redução da sua pegada ecológica e a constatação de que a sua viagem casa-trabalho-casa não depende das condições do trânsito, demorando sempre entre 25 a 30 minutos. A quem diz que é impossível andar de bicicleta na sua cidade, ele responde: "Nunca digas nunca!".

O que o levou a começar a usar a bicicleta para te deslocares?

O que me levou a começar a deslocar-me para a faculdade de bicicleta foi a minha falta de tempo para realizar exercício físico. Ao vir para a FEUP de bicicleta consigo fazer exercício físico e simultaneamente deixar a minha cabeça viajar sem trela. Antes de começar a vir trabalhar de bicicleta (ida e volta cerca de 20 quilómetros), já a usava para dar passeios junto ao mar, essencialmente ao fim de semana.

Como te deslocavas antes?

Anteriormente deslocava-me sempre de automóvel.

Existem alguns mitos (sobre a utilização da bicicleta) que tenhas vencido?

Sim, essencialmente a de haver muito poucas pessoas que se desloquem de bicicleta para o meu local de trabalho. Penso que me sentia um pouco envergonhado por o fazer, uma vez que não era nada comum. Quando conversava com algumas pessoas, muitas não acreditavam que eu o fizesse.

O que poderia melhorar nos percursos que realizas?

O que mais me preocupa no percurso que faço casa-trabalho é que não existe nenhuma via para bicicletas. A rua é estreita e de manhã todos os automóveis e motos circulam muito apressados. Este facto faz-me temer pela minha segurança. Inclusive já fiz um seguro para circular de bicicleta. Depois, alterei o caminho que faço para o actual — que considero, dentro das possibilidades existentes, o menos perigoso. Portanto, entendo que criar pistas para bicicletas pode aumentar o número de utilizadores.

Um momento em que te sintas mesmo bem a andar de bicicleta.

O melhor momento é definitivamente quando faço os meus passeios ao fim de semana, com partida do cais da Marina do Freixo e vou até Angeiras e regresso. Sinto um bem estar que me liberta a alma e desperta em mim sentimentos profundos, como a alegria de viver e de escrever.

Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê.

Não tenho nenhuma pessoa da praça pública que gostaria de ver a andar de bicicleta, mas faço todos os possíveis para que as pessoas que me são muito queridas e que me rodeiam, se juntem a mim nos meus passeios. Talvez gostasse de ver o nossos políticos a irem para a Assembleia da República de bicicleta.

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