Fez a primeira peça de roupa aos 16 anos – era na verdade um traje completo para a Jane, do Tarzan – e aos 24 viu o trabalho de final de curso exposto no Museu de Design e Moda de Lisboa (MUDE), a convite da Moda Lisboa. Maria Ana Duarte – mais conhecida como Janis Dellarte – emigrou para Londres em busca de um futuro melhor.
Após ter desistido de um curso de belas artes em Madrid, Janis inscreveu-se no Chelsea College of Art and Design porque ambicionava algo “mais arejado e contemporâneo”.
Afirma-se como uma “designer têxtil que produz têxteis orgânicos e esculturais, seja para moda ou decoração” e considera-se uma pessoa "expressiva exagerada e optimista", explica em entrevista via e-mail ao P3.
“From Freak to Chic”
Em 2012, Janis Dellarte lançou a “From Freak to Chic”, a sua primeira colecção, cujo objectivo era “questionar a forma como se vestem as peças de roupa”. Até então só havia feito amostras de tecidos e acessórios.
Imagine-se uma simples mochila. “Por que é que uma mochila tem de ter determinadas proporções? Por que é que não pode continuar depois da cintura? E por que é que essa mochila tem de ser um acessório? Não podemos vesti-la?”, pergunta Janis num exercício idêntico àquele que acabou por originar a sua colecção. “O ‘freak’ é normal e o ‘chic’ é que é esquisito”, acrescenta.
Com um estilo peculiar muito por conta das roupas “vintage” herdadas da sua avó materna, a lisboeta tem como musas Janis Joplin, Cruella de Vil e Íris Apfel. "Se conseguir fazer uma peça com a emoção e a sinceridade da Janis Joplin, com a atitude e individualidade da Cruella e o sentido de humor e jovialidade da Iris… acho que caio para o lado de alegria”, refere Janis.
Mas a maior ambição de Janis é, porém, abrir a própria loja. Aliás, duas: uma em Lisboa e outra em Londres. Mas não uma loja qualquer. Antes “um espaço com ‘performances’ e workshops (...) onde se possa passar uma tarde, ouvir uma banda ao vivo, beber um copo e comprar uma carteira ou um casaco”.
Janis está actualmente a fazer um mestrado em Knitted Textiles (tricot) no Royal College of Art, em Londres, onde pondera continuar a viver. Lá, sente-se em casa.
