Olga Noronha: a designer de jóias ortopédicas

É uma artista portuguesa radicada em Londres que transforma próteses e colares cervicais em peças de joalharia. Aos 20 anos, desenvolveu um trabalho tão raro quanto ambicioso

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“O projecto surgiu de forma inconsciente”, conta Olga Noronha, uma designer portuguesa de 21 anos. Há um ano e meio, decidiu aliar a Medicina à Joalharia numa obra que já foi considerada a “mais bem elaborada nos últimos 25 anos da Central Saint Martins", universidade londrina de artes.

Olga rumou a Londres em 2007 para estudar Design de Joalharia na Central Saint Martins, por onde já passaram designers de moda como Stella McCartney e Alexander McQueen. "Londres é um 'caldeirão cultural', onde tudo o que acontece é visto, observado e interpretado pelo mundo inteiro e as probabilidades de alguém se tornar reconhecido são muito maiores que em Portugal", explica ao P3.

Habituada a materiais médico-cirúrgicos

Filha de médicos (o pai é cirurgião de ortopedia), Olga esteve sempre habituada a ver e a lidar com materiais médico-cirúrgicos. Mas foi em 2001, quando começou a frequentar a escola contemporânea Engenho&Arte, no Porto, que percebeu que a joalharia era muito mais do que um mero entretenimento.

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Olga estudou Design de Joalharia na Central Saint Martins, em Londres Marta Guimarães

Enquanto filha única, a decisão de emigrar não foi nada bem recebida. Actualmente, as coisas alteraram-se: o pai é o principal aliado de Olga Noronha e a mãe a sua musa inspiradora.

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Olga estudou Design de Joalharia na Central Saint Martins, em Londres Marta Guimarães

Tendo no currículo várias exposições em Portugal e no estrangeiro, Olga manipula objectos e materiais médico-cirúrgicos de forma a transformá-los em jóias. Pretende, pois, que os objectos se comportem como se estivessem em diálogo com o corpo, diz, ajudando o eventual utente a superar traumas que tenha em relação a este tipo de dispositivos terapêuticos.

O objectivo é, através de investigação, fundir dois campos tão díspares como a Anatomia e a Joalharia. E "provar que o corpo se pode adaptar a materiais e formas distintas, sendo assim personalizado e quase que 'redesenhado'". As peças, inicialmente objectos de rejeição, tornam-se agora jóias, objectos de atracção. Pelo menos assim o deseja.

A proposta já foi apresentada a bioengenheiros, médicos e técnicos de ortoprotesia e o entusiasmo demonstrado "foi muito positivo". Actualmente, Olga frequenta o MRes in Design (Mestrado em Investigação) na Goldsmiths College, também em Londres. Mas apesar de se identificar muito mais com aquele ritmo de trabalho e vida, espera, um dia, regressar a Portugal.

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