Optimus Primavera Sound: do pregador Nick Cave ao miúdo James Blake

Festival arranca esta quinta-feira no Parque da Cidade, no Porto. Nick Cave, Dead Can Dance, The Breeders e James Blake são as actuações mais esperadas do dia

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O Optimus Primavera Sound, o mais jovem e o primeiro da época dos grandes festivais de Verão, abre hoje, quinta-feira, as suas portas no Porto, no Parque da Cidade, para as actuações de Nick Cave e dos Dead Can Dance.

Serão estes dois nomes que mais fãs deverão congregar, num cartaz com oito entradas divididas por dois palcos. Nick Cave porque há muitos anos tem uma legião de fiéis seguidores em Portugal e a banda de Brendan Perry e Lisa Gerrard porque, regressada de um longo período de silêncio, mostrou, bem recentemente, conseguir esgotar três salas entre nós.

Porém, é previsível que muitos aguentem mesmo até ao fim para, cerca das 02h15 ouvirem o intimista James Blake, um jovem músico cujo tema “Limit to Your Love”, do seu primeiro álbum de 2011, teve bastante passagem nas rádios para o manter sob o radar do público. O seu recente trabalho “Overgrown” recebeu excelentes críticas e deverá ser a base do concerto portuense.



Mas o resto do dia tem também motivos de interesse: Depois de os espanhóis Guadalupe Plata e de os norte-americanos Merchandise fazerem as despesas de abertura com o seu rock agressivo, deverá valer a pena escutar o “dream-pop” dos Wild Nothing de Jack Tatum e o “noise rock” dos Deerhunter de Bradford Cox. Dois artistas que têm conquistado espaço no largo espectro da música alternativa que caracteriza programação do Primavera Sound.

Quem já há muito tempo despertou paixões mas que está interessado em regressar a elas são The Breeders, uma banda dos anos 1990 que, ao comemorar o seu 20.º aniversário, decidiu pegar no clássico álbum “Last Splash” e voltar a tocá-lo ao vivo com a formação original. Com grande probabilidade vai haver muita relva levantada ao som de “Cannonball” ou “Saints”. Os Dead Can Dance, que tocam a seguir, terão porventura uma tarefa difícil para, ao ar livre, e depois de tanta intensidade rock, envolver o público com o ambiente etéreo da sua música que vai buscar influências a inúmeras culturas musicais. De qualquer maneira, depois de 16 anos de silêncio, o seu último registo “Anastasis” deve ser motivo de curiosidade para os muitos que não conseguiram bilhetes para as suas recentes actuações.

Mas dificilmente a história deste primeiro dia escapará a ser escrita pela atuação de Nick Cave e dos seus Bad Seeds. Há muito que este artista ocupa um lugar de enlevo no coração dos portugueses com a suas baladas intemporais e o seu rock nervoso, cheio de referências à morte, à bíblia, às paixões suicidas e a um universo de deserdados que poderiam sair da mente de um pregador sulista que fosse consagrado numa igreja “punk”.

Depois de várias experiências, o regresso de Nick Cave à sua banda de eleição (embora sem Mick Harvey) e com um novo trabalho “Push the sky away” e passados alguns anos sem pisar palcos portugueses são a garantia de que deverá ser recebido de braços abertos por uma multidão de seguidores. E se “Push the sky away” é um registo menos eléctrico, mais atmosférico, os fãs de sempre podem contar que, se for seguido um alinhamento similar a outros concertos desta digressão, não faltarão temas como “From her to eternity”, “The mercy seat” ou mesmo “Tupelo”. Elementos essenciais para que Nick Cave possa reinar no Primavera.

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