Xi e Modi representam 40% da população mundial e querem quebrar o gelo

Encontro entre o primeiro-ministro indiano e o Presidente chinês, na China, está a quebrar o gelo na relação complicada entre os dois países.

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Xi serviu de guia a Modi na visita a um muse, um "gesto especial",Xi serviu de guia a Modi na visita a um muse, um "gesto especial" Reuters,Reuters
Xi serviu de guia a Modi na visita a um muse, um "gesto especial"
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Xi serviu de guia a Modi na visita a um muse, um "gesto especial" Reuters

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, convidou o Presidente chinês, Xi Jinping, para uma cimeira informal a realizar no próximo ano. O convite aconteceu no primeiro dia de uma visita de Modi à China, que é vista como uma tentativa para quebrar o gelo entre os dois vizinhos.

O primeiro-ministro indiano fica apenas cerca de 24 horas na cidade chinesa de Wuhan, no Centro do país, numa visita que acontece poucos meses depois de uma disputa por causa da fronteira nos Himalaias ter reacendido os receios de um confronto entre os dois gigantes.

"Espero que a cimeira informal se transforme numa tradição entre os dois países. Ficarei feliz se realizarmos essa cimeira na Índia em 2019", disse Modi.

Xi disse a Modi que a influência dos dois países na região e no mundo está a crescer de forma constante. "É possível ver um futuro brilhante para a cooperação entre a China e a Índia", disse Xi.

"A China e a Índia são importantes motores do crescimento global, e somos pilares centrais para a promoção de um mundo globalizado e multipolar. Uma boa relação entre a China e a Índia é um factor importante e positivo para a manutenção da paz e da estabilidade no mundo", acrescentou.

Modi disse que os dois países têm de trabalhar juntos para enfrentarem os problemas globais, já que representam 40 por cento da população mundial. Salientando a importância da paz no mundo, Modi disse que as duas nações "têm de dar todas as contribuições possíveis".

Um responsável indiano, que falou sob a condição de anonimato, disse aos jornalistas em Wuhan que o encontro entre Modi e Xi deveria ter durado cerca de meia hora, mas acabou por durar mais de duas horas. A visita ao museu da cidade também já tinha sido mais demorada do que estava planeado.

"O facto de Xi ter feito de guia no museu representou um gesto especial", disse o mesmo responsável.

Apesar das palavras desta sexta-feira, as diferenças entre os dois países são significativas.

Para além das disputas por causa de algumas partes da fronteira de 3500 quilómetros, a China e a Índia também estão de costas voltadas no Oceano Índico e por causa de megaprojecto de infra-estruturas aprovado pelo Presidente chinês.

A Índia protesta contra o projecto chinês porque um dos seus ramos passa pela região de Caxemira administrada pelo Paquistão, cuja soberania é reclamada pela Índia. Com pano de fundo estão as antigas suspeitas indianas sobre os laços que unem a China e o Paquistão.

Por seu lado, a China está preocupada com os esforços norte-americanos para incluir a Índia num grupo de democracias marítimas com o Japão e a Austrália. E a China tem também problemas com a recepção da Índia ao Dalai Lama e a outros tibetanos no exílio.

Mas nenhum desses problemas foi referido em público esta sexta-feira. No início do dia, Modi e Xi visitaram a colecção de artefactos cineses no Museu de Hubei, onde também conversaram sobre o reforço do diálogo entre os dois países e sobre como viver em paz em conjunto, disse a agência estatal chinesa Xinhua.

Para este sábado está marcado um passeio a pé e uma viagem de barco, seguido de conversações informais sem a presença dos conselheiros dos dois países.

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