Governo criou equipa para estudar nova emigração

A emigração atingiu números só verificados nos anos 60, agora com os jovens e licenciados a abandonarem também o país. Governo investe 30 mil euros para conhecer melhor o fenómeno

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Os resultados obtidos poderão dar novas pistas sobre o “tipo e apoio consular” que é necessárioMcLupy's Mobile/ Flickr

O Governo quer perceber melhor os novos perfis de emigração portuguesa, tendo assinado protocolos para investigação e posterior divulgação com várias instituições de ensino superior, num total que ronda os 30 mil euros. A informação foi esta terça-feira veiculada pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, que presidiu à assinatura de um protocolo entre a Faculdade de Letras da Universidade do Porto e a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, para o arranque dos estudos sobre os novos perfis de emigração.

Em Fevereiro, foi anunciado que as funções do Observatório da Emigração, criado em 2008 pelo Governo e pelo ISCTE, passariam para a direcção-geral em parceria com várias universidades. José Cesário disse que os custos com o Observatório “ultrapassaram os 300 mil euros em três anos” e que a partir de agora será possível “reunir informação muito mais diversificada” e “envolver muito mais gente”. O custo total dos actuais protocolos “andará na ordem dos 30 mil euros”, 14 mil dos quais destinados aos estudos agora a serem desenvolvidos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

A finalidade destes novos protocolos é a de aumentar a produção de conteúdos sobre os fluxos migratórios portugueses, numa altura em que “a sociedade portuguesa voltou a estar muito mais sensível para este fenómeno”. “Houve um certo desinteresse da sociedade portuguesa pela emigração dos seus [e] esse desinteresse verificou-se não apenas no cidadão comum, mas nas instituições que desejavelmente deveriam ter mantido esse mesmo interesse, porque nunca deixamos de ser um povo de emigrantes”, sublinhou o secretário de Estado.

José Cesário referiu ainda ser necessário produzir conteúdos sobre o fenómeno “de grande complexidade” que é a emigração, para assim se conseguirem dar “respostas políticas”. “Por exemplo, o percurso dos nossos jovens licenciados. Nós sabemos de uma forma relativamente empírica que eles se metem nos aviões da Ryanair e vão algures para a Suíça ou para a Alemanha, mas não sabemos exactamente como é o percurso deles, dos engenheiros, dos professores, dos arquitectos”, exemplificou.

Os resultados obtidos, e posteriormente publicados e divulgados, poderão assim dar novas pistas sobre o “tipo e apoio consular” que é necessário, bem como “o tipo de acompanhamento social” ou jurídico ou “políticas de língua e cultura”.

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