“Amamentar não é obsceno”, mas o Facebook não gosta disso

Não é a primeira vez que o Facebook gera polémica. Desta vez, não só censurou fotografias de utilizadoras amamentando os filhos, como lhes desactivou a conta na rede

Mike Hanion/Flickr
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Enric Vives-Rubio
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O mundo não é, de facto, um lugar justo... mas, até aqui, nada de novo. Enquanto uns se indignam relativamente à permanência online de fotografias (supostamente) eliminadas, outros rebelam-se contra o facto de a rede social apagar fotos cujo conteúdo é inócuo — mães a amamentar, por exemplo.

Segundo o site CNet, a censura de fotografias de mães a amamentar bebés começou em 2008. A cena já gerou vários protestos até hoje, tendo ganho forma sobretudo com a petição «Hey, Facebook, breastfeeding is not obscene!» (Hey, Facebook, amamentar não é obsceno!), assinado por mais de 259 mil pessoas, e com o grupo online “FB! Stop harassing Emma Kwasnica over her breastfeeding pics” (algo como “Facebook! Parem de perseguir Emma Kwasnica e as suas fotos a amamentar”, numa tradução livre).

O primeiro movimento deu origem a uma manifestação em Palo Alto, na Califórnia, onde várias mulheres decidiram amamentar os filhos em frente à sede do Facebook e provar que alimentar os filhos não é pornografia. Para além disso, as mesmas mães decidiram fazer um boicote à rede social por um período de 24 horas.

Até à hora de publicação desta notícia, o primeiro grupo, criado pela norte-americana Kelli Roman, de 23 anos, contava com 4475 membros e o segundo, gerido por Emma Kwasnica, com 6317. Ao que consta, o Facebook já cancelou a conta de Emma quatro vezes e 30 das suas fotografias foram denunciadas por “conteúdo impróprio”.

Puritanismo, discriminação ou falta de memória?

O procedimento da rede social é entendido pela jovem como “um acto de discriminação”, uma vez que “a amamentação é uma tarefa diária como qualquer outra e não deve ser confundida com pornografia”, justifica.

Também em Janeiro de 2011, a psicóloga chilena Leslie Labbe foi banida do Facebook depois de publicar uma foto em que amamentava. A fotografia foi considerada "ofensiva", lia-se no e-mail enviado a Leslie. Pouco depois, dada a polémica, a chilena voltou a ser readmitida, sem aviso prévio ou justificação.

Mas, se dúvidas houver, nada mais fácil do que consultar a política da rede social: "Concordamos que a amamentação é um acto natural e belo e gostamos de saber que é importante para as mães partilhar as suas experiências com outros no Facebook". Hum? Tão novo, Facebook, e já com problemas de memória?

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