Quarta-feira, 23h30. Tarde para quem tem de acordar de manhã no dia a seguir; cedo para aqueles que querem fazer da noite uma festa. Mas a avaliar pelo movimento à porta do Musicbox, no Cais do Sodré em Lisboa, o dia da semana e a hora não são um impedimento para sair. É que este clube só acontece aqui.
Numa espécie de caça talentos mas sem júri, o OFFBEATZ dá a conhecer todas as semanas o que de melhor se faz na música portuguesa, oferecendo a oportunidade a quatro novos projectos musicais de saírem das garagens e dos palcos improvisados para o Musicbox.
Num ambiente descontraído, entre um copo e um passo de dança, são sempre apresentados ao público dois videoclipes e dois concertos. Esta quarta-feira, dia 14 de Dezembro, foi a 55ª edição, o que significa, se fizermos as contas, que já passaram pelo OFFBEATZ mais de 200 bandas e artistas, entre 110 videoclipes e 110 concertos. Números que catapultaram este clube para a SIC Radical e para a rádio Radar.
Dar a oportunidade às novas bandas e artistas
O conceito é simples: dar a oportunidade às novas bandas e artistas para se apresentarem ao público. Esta semana foram exibidos os telediscos dos Rose Blanket e dos Norton. Também subiram ao palco os Skills & The Bunny Crew, com um estilo dividido entre o rock e o hip-hop, e os Fato/Feto, com um rock progressivo. Em comum as duas bandas têm as músicas que são todas cantadas em português e a mesma vontade de singrar no meio musical. Não é um caminho fácil mas o OFFBEATZ ajuda. Se hoje não são conhecidos, a probabilidade de começarem a dar que falar aumentou a partir de quarta-feira.
“Já foram tantos os projectos e de todos os géneros que passaram por aqui e que hoje já são conhecidos no meio. Lembro-me por exemplo dos Golpes. Uma das primeiras vezes, se não mesmo a primeira, que eles tocaram a ‘Vá Lá Senhora’ foi no OFFBEATZ e depois foi o sucesso que foi”, conta ao P3 Rui de Brito, director executivo e criativo do OFFBEATZ, lembrando que nomes como Noiserv, Capitão Fausto, Guta Naki e os Macacos do Chinês já passaram por este clube.
“É isto que queremos fazer, dar o máximo de apoio aos novos projectos. Fazemos até questão de gravar os concertos, entrevistas, tirar fotografias para disponiblizar tudo depois gratuitamente às bandas para se poderem promover. Já tivemos até conhecimento de bandas que conseguiram actuar em alguns festivais com esse material”, diz Rui de Brito.
Porto, Braga e Coimbra na mira
O melhor é que a entrada para as noites de club é gratuita e ao contrário dos grandes concertos, aqui o público pode interagir com a banda, antes ou depois de subirem ao palco. Na primeira parte da noite, onde os videoclipes são exibidos, os intervenientes e o seu realizador sobem ainda ao palco para explicar todo o processo de produção. É como diz Rui de Brito: “Durante a noite eles estão sempre ali, até podes beber um copo com eles ao balcão”. Bandas, músicos, editoras, realizadores, fotógrafos.
Este é um projecto a pensar em todos e que a longo prazo deverá chegar ao Porto, a Braga e a Coimbra. “Lisboa é neste momento o nosso laboratório, queremos criar este hábito regular nas pessoas e perceber de que forma é que o OFFBEATZ pode crescer mas é um objectivo levá-lo para outras cidades”, explica o responsável, revelando que primeiro ainda vem um festival a caminho.
“Seguindo esta lógica de descoberta e aposta nos novos projectos queremos criar um festival, que se vai realizar quatro vezes por ano, e que servirá como a nossa aposta para as próximas estações, à semelhança do que acontece na moda mas com música.”
Para os que não podem vir a Lisboa, o OFFBEATZ passa todas as semanas na SIC Radical e tem também um programa de rádio, na Radar, que dá destaque às bandas que actuam ao vivo na sessão dessa semana.
