Temer, Collor de Mello, Alckmin – os aspirantes ao Planalto debaixo da sombra da Lava-Jato

Entre os potenciais candidatos à presidência do Brasil, há cinco envolvidos na maior investigação judicial da História do país contra a corrupção.

Michel Temer
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Michel Temer ADRIANO MACHADO / Reuters
Lula da Silva
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Lula da Silva Sebastiao Moreira / EPA
Geraldo Alckmin
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Geraldo Alckmin Adriano Machado / Reuters
Fernando Collor
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Fernando Collor ADRIANO MACHADO / Reuters
Rodrigo Maia
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Rodrigo Maia ADRIANO MACHADO / Reuters

Lula da Silva, Michel Temer, Geraldo Alckmin, Rodrigo Maia e Collor de Mello. Todos eles estão na calha para concorrer às eleições presidenciais brasileiras e todos eles foram, com maior ou menor impacto para as suas próprias pré-candidaturas ou declarações de interesses, atingidos pelo turbilhão da Operação Lava-Jato.

A detenção do ex-Presidente Lula no passado fim-de-semana é, até ao momento, a mais aparatosa consequência directa da maior investigação judicial na História do Brasil e aquela que mais pontos de interrogação levanta, no que às eleições agendadas para Outubro diz respeito. 

O início do cumprimento da pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – decretada por um tribunal de segunda instância devido ao envolvimento num esquema que teve como pano de fundo o famoso tríplex de luxo em Guarujá, cujas obras de remodelação foram pagas pela construtora OAS – não torna Lula automaticamente inelegível, mas deixa a sua candidatura dependente da avaliação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Lula lidera todas as sondagens (30%) e, para já, o PT (Partido dos Trabalhadores) mantém-se firme atrás do seu mais mediático líder.

Michel Temer foi citado dezenas de vezes nas delações premiadas dos empresários da construtora Odebrecht, gravado a sugerir a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e formalmente acusado de corrupção passiva pelo Ministério Público – o Congresso salvou-o duas vezes de ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal.

Mesmo implicado em diversos eixos da Lava-Jato, o Presidente e dirigente do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) já veio a terreiro afiançar que seria uma “cobardia” ser impedido de se candidatar à reeleição.

Em maus lençóis está igualmente Geraldo Alckmin. O antigo governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) renunciou recentemente ao cargo para poder disputar as presidenciais, mas o gesto – ainda que obrigatório à luz da lei eleitoral – colocou-o na mira do juiz Sérgio Moro.

Por ser governador, Alckmin gozava de foro privilegiado e só poderia ser julgado em tribunais superiores. Ao largar o cargo, o dirigente investigado por ter recebido indevidamente mais de dez milhões de reais (cerca de 2,4 milhões de euros) da Odebrecht, com os quais financiou duas campanhas eleitorais, fica sob a alçada dos tribunais de primeira instância.

Pré-candidato pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), Fernando Collor de Mello é outro dos aspirantes ao mais alto cargo político do Brasil envolvido na Lava-Jato. O primeiro Presidente a ser destituído no âmbito de um processo de impeachment (1992) foi denunciado em Agosto do ano passado pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro, que alegadamente terão servido para colocar nos seus bolsos mais de 29 milhões de reais (7 milhões de euros), entre 2010 e 2014.

Por fim, há também o caso de Rodrigo Maia. Juntamente com o pai, César Maia, o presidente da Câmara dos Deputados e pré-candidato presidencial dos Democratas (DEM) está implicado na Lava-Jato por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro – terá recebido pelo menos 1 milhão de reais (mais de 410 mil euros) da Odebrecht, entre 2008 e 2010. 

Os pré-candidatos Jair Bolsonaro (Partido Progressistas), Marina Silva (Rede Sustentabilidade) e Ciro Gomes (Partido Democrático Trabalhista) também já se viram envolvidos em suspeitas pela prática de delitos, mas fora do alcance do esticado braço da Lava-Jato.

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