Évora tem apenas oito médicos em quatro áreas em que é referência para o Alentejo

Hospital de Évora é a instituição de referência para toda a região em cirurgia da obesidade, cirurgia plástica, dermatologia e neurologia. Falta de profissionais faz aumentar tempos de espera para primeiras consultas, admite o ministério.

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NELSON GARRIDO

Évora é o hospital de referência para o Alentejo em cirurgia da obesidade, neurologia, cirurgia plástica e dermatologia, mas no total estas quatro especialidades têm apenas oito médicos e nem todos estão a tempo inteiro. O Ministério da Saúde reconhece que os tempos de espera das primeiras consultas estão “acima do que é aceitável e desejável”.

Os dados fazem parte de uma resposta enviada, na última sexta-feira, pelo Ministério da Saúde – depois de consultada a administração do hospital de Évora – ao PCP na sequência da denúncia feita no início do ano pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) sobre os tempos de espera para primeira consulta estarem muito acima do recomendado em vários hospitais. Sendo Évora, que vai ter um novo hospital, um deles.

A lei diz que os tempos máximos de espera para uma consulta de prioridade normal não devem exceder os 120 dias após referenciação do médico de família. Mas nestes casos, o tempo médio de espera é muito maior. No caso da consulta para cirurgia da obesidade o tempo de espera divulgado pelo SIM, em Janeiro, estava nos 797 dias. Neurologia nos 410, dermatologia nos 313 e cirurgia plástica nos 223 dias.

Tempos esses que não estão muito diferentes dos agora disponíveis no Portal do SNS e que em alguns casos até se agravaram. Na resposta, o ministério reconhece que há tempos de espera “acima do que é aceitável e desejável”. “Tal situação traduz, entre outras, a dificuldade na contratação e fixação de profissionais de saúde”, acrescenta, elencando a quantidade de profissionais e a produtividade dos mesmos em 2017.

Assim, no caso de cirurgia da obesidade o hospital tem “um médico da especialidade e outro em fase de formação”. Foram responsáveis por 1384 consultas e 60 cirurgias. Em neurologia existem dois médicos, “embora um tenha redução de horário”. Fizeram 3457 consultas. No caso de dermatologia são dois clínicos, “um dos quais com uma grave limitação física”, que “dão resposta não só a toda a região Alentejo, mas também a parte do Algarve”. Realizaram 9277 consultas. Também cirurgia plástica tem dois médicos, um deles com redução de horário. Realizaram 4819 consultas e 728 cirurgias em 2017.

Não são caso único

Mas há mais especialidades neste hospital com tempos de espera acima do recomendados em Janeiro, tal como agora. Otorrinolaringologia é um dos exemplos: “Dos quatro médicos da especialidade, dois têm redução de horário e dois estão de atestado médico”. Em Janeiro o tempo de espera para a primeira consulta (prioridade normal) era de 410 dias. Agora são 435.

Ortopedia também conta com quatro clínicos, um deles com atestado médico. Eram 319 dias de espera para a primeira consulta. Ainda assim, aqueles profissionais fizeram mais de 6 mil consultas em 2017. Já os três médicos de pneumologia realizaram 5176 consultas. Os doentes esperam em média 289 dias. Com uma média de espera de 284 dias, oftalmologia é que a tem mais médicos (11), mas mesmo assim insuficientes para responder à procura.

O hospital tem previstas várias medidas para melhorar os tempos de resposta nestas especialidades, entre as quais o aumento de recursos humanos, consultas em actividade adicional, definição de critérios de referenciação por parte dos centros de saúde e reorganização do funcionamento da consulta externa.

Mas a falta de profissionais não afecta só as consultas. Também nas urgências existem queixas.

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