“Pode Corbyn ser exportado”?

Líder dos trabalhistas evita falar de segundo referendo ao Brexit. Corbyn não acredita que Governo de May dure muito mais tempo

De manhã, o líder trabalhista reuniu-se com António Costa
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De manhã, o líder trabalhista reuniu-se com António Costa LUSA/NEIL HALL
Jeremy Corbyn esteve num encontro com jovens socialistas europeus
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Jeremy Corbyn esteve num encontro com jovens socialistas europeus LUSA/TIAGO PETINGA

Jeremy Corbyn fala de ideologia, do verdadeiro socialismo que quer “taxar os mais ricos para investir nos direitos sociais para todos”. Puxa pela defesa dos direitos sociais, que se conquistaram “às custas” daqueles que, por exemplo em Portugal e Espanha, lutaram contra regimes fascistas. Diz que “outro mundo é possível” e que acredita que tem sucesso junto dos mais jovens porque “lhes dá esperança”. Ficou mais pela ideologia do que pelas políticas públicas em concreto e sobre o que faria se fosse ele o primeiro-ministro britânico nesta altura.

Nesta curta passagem por Lisboa, o líder dos trabalhistas britânicos teve uma reunião bilateral com António Costa e acabou o dia a responder a jovens no Largo do Rato e foi aí que se esperava que se abrisse mais sobre o que quer para o futuro do Reino Unido. Um futuro que Corbyn acredita estar mais perto que longe: “Não acredito que o governo conservador possa continuar muito mais tempo”, disse aos cerca de 50 jovens de toda a Europa que o esperavam no Rato.

Destas reuniões, saiu a garantia do trabalhista de que vai “reconhecer o resultado do referendo”. “Não podemos fugir dele e ignorá-lo”, acrescentou. Mas isso não significa que concorde com a negociação que está a ser feita por Theresa May. Se fosse ele a negociar, iria “legislar para que todos os cidadãos da União Europeia” que trabalham e vivem no Reino Unido possam ter direito a residência e em segundo lugar importar a regulamentação europeia para a lei britânica. Tudo quase tirado a papel químico em relação ao que disse de manhã numa conversa com jornalistas, quando, questionado sobre se admitia a hipótese de um segundo referendo, chutou para canto dizendo que o partido “não tomou nenhuma decisão sobre a matéria”, garantindo que iria respeitar o primeiro e que não estava “comprometido” com a ideia de que poderá existir um segundo referendo.

Apesar das parcas respostas concretas sobre o que fazer, conquistou uma audiência jovem. “Pode Corbyn ser exportado?”, perguntou-lhe um jovem sueco, que diz que naquele país, que deu ao mundo o modelo social de Olof Palme, o seu partido está isolado. A pergunta do sueco é sintomática das dificuldades que os socialistas (a que se juntam trabalhistas e sociais-democratas europeus) têm sentido nos últimos anos para passar a mensagem. “Têm de estar preparados para defender aquilo em que acreditam”, respondeu Corbyn. 

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