OCDE acredita na sustentabilidade da retoma em Portugal

Previsões de crescimento de 2,3% tanto em 2018 como 2019 são mais positivas do que as apresentadas pelo Banco de Portugal e a Comissão Europeia. No entanto, dívida ainda é um obstáculo importante.

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O secretário geral da OCDE, Angel Gurría, com Mário Centeno Daniel Rocha

A retoma da economia portuguesa veio para ficar, defende a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, que apresenta esta terça-feira uma previsão para o crescimento nos próximos anos que supera, não só as projecções de entidades como o Banco de Portugal ou a Comissão Europeia, como fica mesmo ligeiramente acima das expectativas traçadas pelo Governo no Orçamento do Estado para 2018.

A instituição sediada em Paris estima que, depois de um crescimento de 2,6% durante este ano, Portugal irá manter taxas de crescimento acima de 2% nos próximos anos. Tanto para 2018 como para 2019, antecipa uma variação do PIB de 2,3%. No OE 2018, o Governo aponta para um crescimento no próximo ano de 2,2%.

O Banco de Portugal e a Comissão Europeia têm uma visão bastante mais pessimista em relação à capacidade da economia de sustentar um ritmo de crescimento elevado nos próximos anos. O banco central estima que, depois de um crescimento de 2,5% este ano, a economia irá abrandar para taxas de 2% em 2018 e de 1,8% em 2019. No que diz respeito à Comissão Europeia, as perspectivas são de variações do PIB de 2,1% em 2018 e de 1,8% em 2019.

Nas explicações que dá para estas previsões mais favoráveis, a OCDE começa por afirmar que “a recuperação [em Portugal] está a ficar bem enraizada”. Durante o ano de 2017, a aceleração encontra as suas razões nas “reformas estruturais anteriores” e na “força da procura privada”, afirma o relatório, que vê, tanto ao nível das famílias como das empresas disponibilidade para continuar a consumir e a investir. As famílias por causa do aumento do rendimento disponível e as empresas por causa do aumento da procura, tanto interna como externa.

No entanto, alerta a OCDE, ainda há um grande limite ao ritmo de crescimento em Portugal: o nível de endividamento privado e público. No sector privado, o relatório da OCDE afirma que, embora o acesso ao financiamento se esteja a tornar mais barato, “as despesas das empresas estão a ser limitadas pelos constrangimentos de acesso ao crédito e pelo crescimento lento da produtividade.

E, no Estado, a OCDE assinala que a política orçamental deverá ser “moderadamente expansionista” em 2017 e 2018 e que mais investimento público pode ajudar a consolidar a retoma, mas alerta que “a dívida pública mantém-se muito elevada e constrange a capacidade do Governo para responder a futuros choques externos”.

De acordo com as previsões da OCDE, Portugal continuará nos próximos dois anos a crescer mais do que os seus parceiros da zona euro. As projecções publicadas esta terça-feira apontam para um crescimento da economia do euro de 2,1% em 2018 e de 1,9% em 2019, depois de 2,4% em 2017.

Para a economia mundial, a OCDE prevê uma ligeira aceleração de 3,6% para 3,7% em 2018, regressando-se em 2019 para os 3,6%.

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