Legionella: Marcelo diz que se aprendeu que é bom haver colaboração entre autoridades

Depois dos velórios de duas vítimas terem sido interrompidos para que os corpos fossem autopsiados, Presidente fala da importância de cumprir a lei "com sensibilidade".

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Diogo Baptista

O Presidente da República mostrou-se nesta quinta-feira mais tranquilo quanto ao surto de Legionella, considerando que com este caso se aprendeu a importância da colaboração entre as autoridades e que se deve cumprir a lei com sensibilidade em relação às pessoas.

Em declarações à agência Lusa à entrada para a apresentação do novo livro de Diogo Freitas do Amaral, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre as declarações desta quinta-feira do ministro da Saúde, que disse que se espera que entre segunda e terça-feira os novos casos de Legionella comecem "a tender para zero", quando termina o tempo máximo para o período de incubação.

Investigações em curso

"Tranquilo porque há promessa de uma investigação interna da parte das estruturas de saúde, independentemente depois da investigação do Ministério Público", respondeu. Na opinião do Presidente da República, "há aqui uma aprendizagem de que, por um lado, é bom haver colaboração entre autoridades e, segundo, que se pode e deve cumprir a lei com sensibilidade em relação às pessoas, sobretudo aquelas que estão num momento de maior fragilidade".

Também o primeiro-ministro falou nesta quinta-feira à tarde do caso, depois de questionado pelo jornalistas na Web Summit sobre a actuação do Estado, em particular sobre o papel do Ministério Público, que determinou a autópsia de duas vítimas de Legionella que já se encontravam a ser veladas, na terça-feira. "Creio que o ministro da Saúde [Adalberto Campos Fernandes] tem sido muito claro na explicitação daquilo que aconteceu e dos inquéritos que estão em curso para o apuramento dos factos", começou por responder o líder do executivo.

"Relativamente à actuação determinada pelo Ministério Público não me compete obviamente avaliar, mas registo que o próprio Ministério Público deu uma explicação pública e apresentou as desculpas devidas por uma actuação que, obviamente, não é condizente com o desejado relacionamento entre o Estado e os cidadãos", declarou o António Costa.

Na terça-feira a Procuradoria-Geral da República emitiu um comunicado onde explicava que tendo existido a abertura de um inquérito, "entendeu-se, desde logo, que a realização de autópsias e de perícias médico-legais era essencial para a investigação em curso". No entanto, na falta de "qualquer comunicação de óbito relacionada com esta matéria", foi necessário "recolher elementos que permitissem identificar as vítimas, bem como as circunstâncias que rodearam as mortes, designadamente o local onde ocorreram". O Ministério Público foi então informado de que os corpos já tinham sido entregues aos familiares. Daí que a PSP tenha interrompido os velórios.

Torres de refrigeração

O número de casos confirmados de doença dos legionários do surto no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, subiu para 41, anunciou nesta quinta-feira a Direcção-Geral de Saúde (DGS).

Numa nota divulgada no seu site, a DGS indica que se mantêm internados em cuidados intensivos cinco doentes. Relativamente ao boletim divulgado na quarta-feira há mais três casos registados.

O surto identificado na sexta-feira no Hospital São Francisco Xavier já provocou dois mortos.

Quatro focos de infecção

Nesta quinta-feira, vários órgãos de comunicação social adiantaram que as análises efectuadas pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) confirmaram que haverá pelo menos quatro focos de infecção com a bactéria Legionella no Hospital S. Francisco Xavier.

A bactéria terá sido identificada em duas das torres de refrigeração do hospital e em dois pontos da rede de águas. Mas a presença da estirpe da bactéria que provoca a doença, que se manifesta através de pneumonias graves, terá sido detectada apenas nas torres de refrigeração. Contactados pelo PÚBLICO, o Ministério da Saúde e a DGS não confirmaram esta informação.

O Insa recolheu amostras em 11 pontos do hospital e a tutela pediu entretanto também ao Instituto Superior Técnico que recolhesse amostras e procedesse a análises em vários locais.

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