Ordens profissionais lamentam declaração "infeliz" de técnicos de diagnóstico e terapêutica

Sindicato dos técnicos de diagnóstico critica parecer negativo do Conselho Nacional à criação de duas novas ordens.

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Técnicos de diagnóstico manifestaram-se frente ao Ministério da Saúde JOÃO RELVAS/LUSA

O Conselho Nacional das Ordens Profissionais considerou nesta quinta-feira "lamentável e infeliz" a forma como os técnicos de diagnóstico e terapêutica se referiram às ordens profissionais.

"Temos o máximo respeito pelas profissões e pelos profissionais das áreas do diagnóstico e terapêutica. A expressão 'donos disto tudo' é no mínimo uma expressão lamentável e infeliz para se referir a um conselho que representa as ordens profissionais reguladas", afirmou à agência Lusa o presidente do Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), Orlando Monteiro da Silva.

Os técnicos de diagnóstico e terapêutica acusaram as ordens profissionais da saúde de serem os "donos disto tudo" e de estarem de mãos dadas com o poder político para prolongar a "situação miserável" de outros profissionais, segundo um manifestou aprovado hoje durante uma manifestação em Lisboa.

"Hoje conhecemos os que, acantonados no CNOP, querem esmagar as nossas profissões. Querem usurpar as nossas funções. Agora percebemos a razão por que durante 18 anos as nossas carreiras se arrastaram nos corredores do poder político, enquanto destruíam o nosso futuro", refere o manifesto aprovado durante a concentração, que reuniu algumas centenas de profissionais junto ao Ministério da Saúde.

Num comentário a estas declarações, o CNOP afirmou à Lusa não entender "que se ataquem tanto as ordens profissionais e ao mesmo tempo se pretenda ter profissões reguladas por uma ordem".

Em causa está o facto de o Conselho das Ordens Profissionais ter pedido à Assembleia da República para suspender o processo de criação das ordens dos Fisioterapeutas e dos Técnicos de Saúde, manifestando dúvidas quanto à legalidade e à transparência do processo.

"São no fundo os donos disto tudo", afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde do Diagnóstico e Terapêutica, Almerindo Rego, referindo-se à estrutura que reúne as 16 ordens profissionais constituídas em Portugal, oito delas na área da saúde, entre as quais Ordem dos Médicos e Ordem dos Enfermeiros.

O presidente do CNOP, que é também bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, sublinha que o respeito por estas profissões "não é uma mera coisa de retórica", mas insiste que as ordens profissionais são contra a criação de uma Ordem dos Técnicos de Saúde, entretanto chumbada no Parlamento.

Orlando Monteiro da Silva considera que a decisão da Assembleia da República deve ser saudada, indicando que os problemas regulatórios destas profissões devem ser resolvidos pelo Estado e não através da criação de uma ordem que agruparia pelo menos 15 profissões diferentes.

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