Coreia do Norte não quer “iniciar conversações sobre desnuclearização”, diz EUA

A linha de comunicação entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte era para saber se havia margem, em Pyongyang, para conversações destinadas a arrancar de Kim Jong-un um compromisso para pôr fim aos programas de armamento.

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Rex Tillerson com Xi Jinping LINTAO ZHANG/EPA

A Coreia do Norte não mostrou interesse em continuar as conversações sobre os seus programas de armamento, disse o Departamento de Estado dos Estados Unidos, este sábado, depois do secretário de Estado, Rex Tillerson, afirmar que os Estados Unidos estavam a comunicar directamente com a Coreia do Norte.

“As autoridades norte-coreanas não mostram indicações de estarem interessadas ou preparadas para iniciar conversações sobre a desnuclearização”, referiu num comunicado a porta-voz Heather Nauert. 

"Fiquem atentos", tinha dito antes Tillerson. "Temos linhas de comunicação com Pyongyang". O objectivo, explicou o chefe da diplomacia dos EUA, era para "avaliar" a disponibilidade de Pyongyang para conversações sobre a desnuclearização.

A Coreia do Norte e os EUA envolveram-se numa escalada de retórica nos últimos meses, com ameaças mútuas de ataque devido aos ensaios nucleares e de mísseis balísticos realizados pelo regime de Kim Jong-un. EUA e Coreia do Sul têm realizados exercícios militares, numa demonstração de força por parte de Washington. Trump prometeu aniquilar a Coreia do Norte no discurso que proferiu na Assembleia Geral das Nações Unidas, há duas semanas - disse que Kim está "numa missão suicida". 

No mês passado, Trump chegou a dizer que "as conversações não são a solução" para a Coreia do Norte.

Tillerson confirmou que existe um canal aberto porque a Administração Trump quer perceber se, em Pyongyang, há margem para conversações destinadas a arrancar de Kim Jong-un um compromisso para pôr fim aos dois programas de armamento.

O anúncio de Tillerson - confirmado por Trump no Twitter - foi feito após uma reunião com o Presidente chinês, Xi Jinping, que pediu a Pequim e Washington para se respeitarem mutuamente e reforçarem a coordenação quanto aos grandes problemas mundiais - nas declarações de Xi, nota o jornal de Hong Kong em língua inglesa South China Morning Post, não houve qualquer referência à Coreia do Norte.

China e EUA têm soluções distintas para lidar com a Coreia do Norte, sendo que a Administração Trump tem exigido a Pequim que pressione mais o aliado norte-coreano. O Governo de Xi tem defendido uma solução dialogada.

A China, porém, está a mostrar-se mais dura em relação à Coreia do Norte, através da aplicação de sanções que provoquem danos na economia do país vizinho, conforme foi decidido pelo Conselho de Segurança da ONU. 

Nas vésperas da chegada de Tillerson, Pequim anunciou que as empresas norte-coreanas a operar no seu território – incluindo as de capital misto chinês e norte-coreano – terão de encerrar no prazo de 120 dias a contar da data de aprovação da última ronda de sanções. Antes, a China já tinha suspendido as importações de carvão norte-coreano (uma das principais fontes de receita de Kim), limitou a compra de ferro, pescado e textéis norte-coreanos.

A Casa Branca anunciou que, a 15 de Outubro, Trump dará início a um périplo na Ásia cujo tema central será encontrar uma solução para a crise aberta pelos testes norte-coreanos. O Presidente dos EUA irá à China, Japão, Coreia do Sul, Vietname e Filipinas.

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