China ordena fecho de empresas norte-coreanas no prazo de 120 dias

Pequim dá mais um passo para implementar última ronda de sanções da ONU contra Pyongyang.

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Entre as empresas afectadas estão muitos restaurantes norte-coreanos existentes na China Jason Lee/Reuters

O Governo chinês informou as empresas norte-coreanas a operar no seu território – incluindo as de capital misto chinês e norte-coreano – que terão de encerrar a sua actividade no prazo de 120 dias a contar da data de aprovação da última ronda de sanções das Nações Unidas contra Pyongyang, aplicando mais um golpe nas fontes de financiamento externo do país aliado.

O Ministério do Comércio chinês informou que as joint-ventures chinesas e norte-coreanas a operar noutros países serão igualmente dissolvidas, mas para estes casos não foi adiantado um prazo, adianta a agência Reuters.

A decisão foi anunciada na mesma altura em que chega a Pequim o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Rex Tillerson, após semanas em que vários membros da Administração norte-americana, a começar pelo Presidente Donald Trump, insistiram que estava ao alcance do governo chinês fazer mais para pôr travão a Pyongyang, que efectuou no início deste mês o seu sexto (e mais poderoso) ensaio nuclear.

Principal aliado político e económico do governo de Kim Jong-un, a China não esconde o seu desagrado com as ambições bélicas de Pyongyang – que dão aos EUA um pretexto para reforçar a sua presença militar na região. Mas teme igualmente que uma punição demasiado dura desestabilize o país ao ponto de fazer cair o regime. E a cada teste ou ensaio balístico tem vindo a endurecer a sua resposta.

Há algumas semanas suspendeu as importações de carvão norte-coreano (uma das principais fontes de receita do país) e limitou também a compra de ferro e pescado oriundo do país vizinho. E a 11 de Setembro votou ao lado dos restantes membros do Conselho de Segurança a favor do endurecimento das sanções a Pyongyang que incluem, entre outras medidas, um embargo às exportações de têxteis norte-coreanos e a redução das vendas de petróleo ao país (uma suspensão total no caso do gás natural).

Pequim, que é o grande fornecedor de petróleo à Coreia do Norte, anunciou no sábado que vai começar a limitar as vendas de combustível já a partir do início do próximo mês.

A ONU proibiu também os Estados-membros de entrar em joint-ventures que incluam capital norte-coreano, sendo que a maioria dos existentes opera na China – fábricas, mas também pequenos negócios como restaurantes, que empregam milhares de norte-coreanos e que Pyongyang usa como importante fonte de divisas externas. Uma decisão que Pequim promete agora aplicar a partir de Janeiro.

No entanto, o Governo chinês insiste que as sanções são apenas uma parte da receita para superar a actual crise na península coreana, de pouco servindo se os Estados Unidos e os seus aliados não derem ao regime de Kim Jong-un garantias capazes de o convencer a regressar à mesa das negociações. “A questão nuclear norte-coreana está relacionada com a paz e a estabilidade regional”, afirmou esta quinta-feira o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang. “Quebrar o actual impasse exige que todas as partes relevantes dêem mostras de sinceridade”. 

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