Um GPS quer desvendar os segredos do voo das aves marinhas

Os cientistas querem perceber melhor as direcções ou a velocidade do voo dos animais e desenvolveram um novo modelo de análise de dados.

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Cagarra-riscada, uma ave que se pode encontrar no Oeste do Pacífico Yusuke Goto

As aves marinhas voam longas distâncias pelos oceanos e têm de tomar muitas decisões. Mas que segredos de navegação escondem durante essas viagens? Agora cientistas japoneses fizeram um novo modelo de análise de dados de GPS para perceberem melhor como essas aves encontram o seu caminho até casa. Através dos seus percursos, será possível perceber as decisões que tomam ou as perturbações ambientais (como o vento) que têm de enfrentar. 

Yusuke Goto, da Universidade de Tóquio, e mais dois colegas apresentam esta quinta-feira na revista Science Advances esta nova análise que dizem ser “única”. “A velocidade do vento e a sua direcção, assim como a orientação da ave, são importantes para conhecermos as suas decisões de navegação. Mas é difícil medir estas variáveis com uma alta resolução espácio-temporal ao longo do voo das aves selvagens”, explica Yusuke Goto ao PÚBLICO.

Então, o GPS é colocado nas aves e permite calcular essas variáveis em simultâneo apenas com os dados do aparelho. “Avaliamos simultaneamente não apenas os factores externos (ventos nos oceanos) mas também a decisão de navegação dos animais (a orientação) através dos dados rastreados pelo GPS”, lê-se no artigo científico.

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O GPS viaja com as aves Yusuke Goto

Este GPS já foi testado em 33 cagarras-riscadas (Calonectris leucomelas), uma ave que pode ser encontrada no Oeste do Pacífico e está classificada como “quase ameaçada” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês). Os cientistas analisaram as suas respostas ao vento durante um longo período de tempo. “Descobriram que as aves avaliam correctamente e compensam a força do vento, o que resulta numa navegação ideal”, refere um comunicado da Associação Americana para o Avanço da Ciência, editora da revista Science.

Perceberam assim que estas cagarras têm um bom sentido de orientação, a capacidade de conhecer a sua localização na Terra, assim como a distância e a direcção do seu destino. “Devem ter também uma espécie de GPS e de bússola”, diz ainda Yusuke Goto.

Além das aves marinhas, os autores querem aplicar este modelo de análise de dados de GPS aos animais aquáticos. E sugerem no artigo: “Este método provavelmente inicia uma nova era na análise das tomadas de decisão dos animais no terreno.” 

Notícia actualizada às 20h10 de 28/09: Não é um novo GPS, mas sim um novo modelo de análise de dados

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