Irma "é pior e mais devastador" do que foi o Andrew

Furacão tem o dobro da extensão da tempestade de 1992 e poderá atingir ao mesmo tempo as duas costas da Florida.

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A zona costeira de Miami é uma das mais expostas ao furacão CARLOS BARRIA/Reuters

A comparação foi feita pelo governador da Florida numa nova tentativa para que nenhum habitante do estado ignore as ordens de evacuação das áreas mais expostas ao furacão que se avizinha – 5,6 milhões de pessoas ao todo, na maior operação do género já realizada nos Estados Unidos: “Lembrem-se, o Andrew foi uma das maiores tempestades na História da Florida, o Irma na sua actual trajectória é pior e mais devastador”, avisou Rick Scott, recordando o furacão que há 25 anos devastou o estado norte-americano.

A tempestade de 1992 foi a que causou maiores prejuízos nos EUA até ter acontecido o Katrina, em 2005, e está bem guardada na memória da população do estado. Mas as autoridades temem que o Irma lhe tome o lugar, com todas as previsões a apontarem para consequências mais devastadoras.

Para começar, esta tempestade tem o dobro da extensão do Andrew e avança a um ritmo mais lento – em 1992 o furacão atingiu a extremidade sul da Florida, avançando de leste a oeste em cerca de quatro horas, recorda a Reuters. Esta semana, Scott avisou que o Irma é mais extenso do que o território da Florida e poderá atingir em simultâneo as duas costas na sua rota em direcção a norte, num percurso que poderá demorar mais de um dia.

Este sábado à tarde, o Irma tinha categoria 3 na escala de Saffir-Simpson, com ventos superiores a 200 quilómetros por hora, mas o Centro Nacional de Furacões dos EUA avisou que deverá ganhar força na aproximação à Florida. O Andrew atingiu terra na categoria 5 mas, se as actuais previsões se confirmarem, o Irma poderá trazer ventos ainda mais fortes do que os registados em 1992 quando atingir o estado.

Há 25 anos, 126 mil casas foram destruídas ou gravemente danificadas. A FEMA, a agência federal americana para situações de emergência, calcula que mais de cem mil pessoas possam agora ficar desalojadas, mas as consequências podem ser ainda mais devastadoras e basta olhar para Miami, a oitava metrópole americana, para perceber porquê.

Desde 1992, a população aumentou 32% e muitas das novas construções – incluindo empreendimentos turísticos de luxo – situam-se nas zonas mais vulneráveis da costa, recorda a BBC, acrescentando que o nível do mar subiu sete centímetros nos últimos 25 anos. Segundo uma avaliação recente da companhia de seguros Swiss Re, uma tempestade equivalente ao Andrew poderia causar estragos de cem mil milhões de dólares, quase quatro vezes mais do que em 1992.

Previsões que não deixam margem para reticências. “Se receberam ordem para sair, devem sair agora. Não esta noite, mas agora. Assim que a tempestade nos atingir, as autoridades não vos podem salvar”, avisou já este sábado o governador, afirmando que há 260 centros de abrigo espalhados pelo estado.

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