Goscinny e o grande ecrã na Cinemateca Francesa

Uma exposição dedicada ao criador de Astérix e Iznogoud assinala os 40 anos da morte de René Goscinny em Paris.

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Explorar a relação entre Goscinny e os filmes DANIEL ROCHA

René Goscinny morreu a 5 de Novembro de 1977. Para assinalar a data, a Cinemateca Francesa, em Paris, dedica uma exposição ao criador de banda desenhada, responsável por Astérix (com Albert Uderzo) e Iznogoud (com Jean Tabary) e a força motriz por detrás dos anos mais importantes de Lucky Luke, uma criação de Morris. A ideia é explorar a relação entre Goscinny e os filmes. Dura de 4 de Outubro deste ano a 4 de Março de 2018.

O autor francês só realizou ou co-realizou, a partir de 1968, já depois de passar a barreira dos 40 anos, quatro filmes de animação, todos a partir dos seus universos mais célebres, o de Astérix e o de Lucky Luke: Astérix e Cleópatra, Daisy Town, Os 12 Trabalhos de Astérix e Lucky Luke, a Balada dos Dalton. Mas também escreveu filmes de imagem real, como Le Viager (O Grande Negócio, em português) e Ler Gaspards, ambos de Pierre Tchernia, ajudou a adaptar O Mistério das Laranjas Azuis, aventura de Tintin, ao cinema, e, sempre que se dedicava à arte que lhe deu renome internacional, a banda desenhada, fazia-o como se de um filme se tratasse. Além disso, foi também o fundador dos ambiciosos e megalómanos Idéfix, os primeiros estúdios de animação europeus, que tinham o mesmo nome do cão de Obélix– e fecharam após a sua morte, aos 51 anos, tendo só produzido os seus dois últimos filmes. O último do autor, na qualidade de argumentista, realizador e intérprete da voz de Jolly Jumper, o cavalo, Lucky Luke, a Balada dos Dalton, saiu em 1978, um ano após a sua morte, e tudo indica que teria continuado a seguir essa paixão de infância caso não tivesse morrido.

As influências de Goscinny iam dos western (John Ford era o seu realizador favorito, o que se nota nas histórias do cowboy Lucky Luke), aos épicos de espada e sandálias (a base para as aventuras e desventuras da pequena aldeia gaulesa de Astérix e Obélix que se mantém resistente às invasões romanas), à comédia clássica (Laurel e Hardy eram uma referência, algo que se nota na muita fisicalidade das piadas visuais da sua banda desenhada), com a animação de Walt Disney à mistura. E é isso que será mostrado em Goscinny et le Cinéma, com excertos de adaptações póstumas de livros de Goscinny, comparações entre a obra dele e filmes, e até a reconstituição de uma sala de cinema em Buenos Aires, onde o autor viveu na infância.

Esta não é a única exposição dedicada a Goscinny em Paris no 40º aniversário da sua morte: o Musée d’Art et d’Historie du Judaïsme mostra, de 27 de Setembro a 4 de Março do próximo ano, 200 peças que ilustram a carreira do criador. 

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