Temer demite aliados dos deputados que votaram a favor do seu julgamento

Vaga de demissões pode chegar aos 140.

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Reuters/UESLEI MARCELINO

Depois de o Congresso brasileiro ter votado contra o seguimento para a Justiça da denúncia de corrupção imposta pela Procuradoria-Geral da República ao Presidente Michel Temer, o Palácio do Planalto iniciou uma vaga de demissões de dirigentes próximos dos deputados que votaram favoravelmente ao julgamento de Temer.

Em Junho, a procuradoria brasileira acusou formalmente o Presidente por corrupção passiva argumentando que Temer recebeu subornos do milionário Joesley Batista, por intermédio do ex-deputado Rodrigo Santos da Rocha Loures. A bola passou depois para o Congresso brasileiro que teria de votar se o processo seria julgado pelo Supremo Tribunal de Justiça, implicando o afastamento de Temer do Planalto, ou não. Já no início de Agosto, mais de metade da Câmara dos Deputados aprovou a manutenção do Presidente e rejeitou o escrutínio da Justiça.

Mas a verdade é que 227 deputados, alguns dos quais que integram a base aliada de Temer, votaram para que a Justiça julgasse o caso de corrupção. E agora, segundo a Folha de São Paulo, o Governo iniciou uma onda de demissões, que pode chegar às 140, de dirigentes, principalmente regionais, que foram nomeados pelos deputados ou próximos destes que cometeram esta “traição” contra o Presidente.

De acordo com o mesmo jornal, estas vagas deixadas em aberto serão atribuídas a congressistas que contribuíram para o esforço de manter Temer no poder e para que escapasse ao banco dos réus.

Na última semana já se registaram dezenas de demissões, em direcções regionais de órgãos como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Inca), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ou a Agência Nacional de Mineração (ANM). Em concreto, foram demitidos os superintendentes regionais do Inca nomeados por três deputados, todos do partido Solidariedade (SD), que votaram contra as intenções do Presidente.

Outro dos casos diz respeito a Alan Rick Miranda, que, num primeiro momento prometeu fidelidade ao Presidente mas que na hora de votar escolheu levá-lo à Justiça. O deputado dos Democratas (DEM) foi afastado do cargo que ocupava na Funasa.

Mas são vários os exemplos deste género, e que inclui deputados de praticamente todos os partidos. E a lista irá aumentar.

Esta medida não serve apenas como represália pela votação sobre o caso de corrupção, mas também para combater a rebelião que ameaçava o Governo. De acordo com o que diz a Folha, os responsáveis governamentais consideram que a acção está já a ter resultados na pacificação no Congresso relativamente ao Executivo. Prova disso mesmo, na opinião destes responsáveis, foi a aprovação, nesta quarta-feira, de uma nova taxa de juros a ser aplicada ao Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES).

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