Comissão da Transparência poderá receber novas propostas até 15 de Setembro

Os partidos pediram um prazo para apresentarem novas propostas de alteração, que decorrem da discussão feita até ao momento.

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Rui Rio foi uma das personalidades ouvidas na comissão Miguel Manso

Os grupos parlamentares podem apresentar até 15 de Setembro novas propostas de alteração às iniciativas legislativas discutidas na comissão para o Reforço da Transparência, que inclui o enriquecimento injustificado e o lobbying, disse à Lusa o presidente, Fernando Negrão.

"Os partidos pediram um prazo para apresentarem novas propostas de alteração, que decorrem da discussão", disse à Lusa Fernando Negrão (PSD), após uma reunião da mesa e coordenadores daquela comissão, que fixou 15 de Setembro como prazo a apresentação dessas alterações. Os trabalhos da comissão eventual para o Reforço da Transparência no Exercício de Funções Públicas e Políticas foram prorrogados, de acordo com que havia sido consensualizado na reunião da semana passada.

As novas alterações que serão apresentadas incidem sobre outras já estabelecidas e que deram origem a um documento base daquela comissão que funciona, com interrupções, desde o dia 20 de abril do ano passado.

A comissão está a trabalhar em alterações a diversos diplomas, entre os quais a lei de controlo público de riqueza dos titulares de cargos políticos, lei dos crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos, o regime jurídico de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos políticos e altos cargos públicos e o estatuto do deputado.

Está ainda em discussão a criação de nova legislação para regulamentar o 'lobby' e para punir o enriquecimento injustificado.

Os grupos parlamentares convergiram na criação de um modelo único de declaração de rendimentos, património e interesses para um conjunto alargado de titulares de cargos políticos e altos cargos públicos, que possa estar acessível à generalidade dos cidadãos através da internet, em vez de apenas presencialmente junto do Tribunal Constitucional, como actualmente.

Uma outra proposta discutida na comissão é a criação de uma entidade fiscalizadora da Transparência, de acordo com uma proposta original do BE, que deve receber as declarações, contendo informações de rendimentos, património mobiliário e imobiliário, bem como de eventuais conflitos de interesses, incluindo cargos já exercidos.

O universo de pessoas sujeitas a obrigação declarativa será alargado, de acordo com propostas de vários partidos, por exemplo, a titulares de órgãos executivos de autarquias, membros de gabinetes de órgãos executivos, consultores, representantes do Estado em processos de privatização, candidatos à Presidência da República.

O PS anunciou que apresentará uma proposta para que os magistrados também apresentem declaração.

Os socialistas vão também apresentar uma proposta sobre a regulação da representação de interesses, o chamado 'lobby', matéria sobre a qual o CDS apresentou uma iniciativa desde o início dos trabalhos da comissão.

A comissão para o Reforço da Transparência segue ainda uma via de sancionar a omissão ou falsificação em declarar rendimento, património e interesses de um conjunto de titulares de cargos públicos e políticos, para produzir legislação que penalize o enriquecimento injustificado, já que versões anteriores que seguiam a via penal de criação de um crime de enriquecimento ilícito ou injustificado chumbaram no Tribunal Constitucional, designadamente por inverterem o ónus da prova.

No ano passado, a comissão realizou dezenas de audições, que começaram com a Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, passaram pelo Centro de Estudos Judiciários e Polícia Judiciária, pelo ex-presidente do Tribunal de Contas Guilherme de Oliveira Martins, Luís Sousa, da associação Integridade e Transparência, os advogados Magalhães e Silva, Castro Caldas e Vera Jardim, entre outros.

 

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