Quatro mil vacas em 60 voos: empresário quer manter reservas de leite no Qatar

Depois do corte de relações diplomáticas de cinco Estados sunitas com o Qatar, o país tem tido problemas no fornecimento de bens essenciais, incluindo o leite fresco.

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Este será o maior transporte de bovinos alguma vez feito a nível mundial Reuters/NASEEM ZEITOON

A crise diplomática entre o Qatar e alguns dos seus vizinhos sunitas ameaçou o normal funcionamento das várias instâncias do país e o fornecimento de bens essenciais. Esta situação levou um empresário do Qatar a organizar um transporte aéreo de quatro mil vacas para o país, de forma a preservar as reservas de leite fresco no emirado que sofreram um colapso nos últimos dias.  

Moutaz Al Khayyat é o homem responsável pela iniciativa que pretende assegurar o fornecimento de leite fresco. O presidente da Power International Holding comprou as vacas leiteiras na Austrália e nos Estados Unidos para agora as poder transportar para o seu país.

“Esta é a hora de trabalhar para o Qatar”, disse Al Khayyat, citado pela Bloomberg. O transporte destes animais de grande porte será feito em 60 voos da Qatar Airways, conta o empresário sobre aquele que será o maior transporte de bovinos alguma vez realizado.

Grande parte do fornecimento de leite fresco no Qatar era proveniente da Arábia Saudita, até há uma semana ter desencadeado uma nova crise diplomática no Médio Oriente. O corte na diplomacia significou também um corte nos transportes de mercadorias, incluindo ligações aéreas e marítimas.

A mais recente crise no Médio Oriente surgiu quando, na semana passada, cinco Estados sunitas cortaram relações com o Qatar – Bahrein, Egipto, Arábia Saudita, Iémen e Emirados Árabes Unidos –, acusando este país do Golfo Pérsico de estar demasiado próximo do Irão e de patrocinar o terrorismo, ainda que todas as acusações sejam negadas pelo Qatar.

O empresário, que detém um negócio ligado à construção, tem alargado as suas áreas de acção, apostando agora na vertente agrícola. “Ninguém no seu quotidiano sente a crise”, afirmou Al Khayyat. “O Governo está a trabalhar arduamente para assegurar que não há efeitos paras as pessoas”, concluiu.

O corte por parte da Arábia Saudita da única fronteira terrestre com o Qatar também está a afectar as preparações do Mundial de 2022 que o país está a organizar, uma vez que a importação de matérias-primas necessárias às infra-estruturas – como estádios e a rede de metropolitano – não estão a chegar ao Qatar.  

A Turquia tem assegurado alguns produtos essenciais que têm desaparecido rapidamente das prateleiras dos supermercados, enquanto Marrocos e o Irão também se comprometeram a repor alimentos no emirado. Além disso, o Qatar fez acordos com Omã para poder usar alguns dos seus portos, evitando assim ter de passar pelos dos Emirados Árabes Unidos.

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