"Há mais mundo para além da União Europeia”, diz António Costa

Em Gaia, o primeiro-ministro considerou “animador” verificar que o país tem actualmente “consciência de que não é possível crescer unicamente com base no sistema financeiro”.

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António Costa quer Portugal a olhar para a China e a Índia LUSA/PAULO NOVAIS
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Primeiro-ministro esteve nacerimónia de apresentação da segunda fase do Quadro de Investimento Inteligente da Câmara de Gaia LUSA/ESTELA SILVA

O primeiro-ministro, António Costa, apontou hoje a inovação como “chave” para modernizar todos os sectores de actividade e assim resolver finalmente os “bloqueios estruturais” da economia, entrando num “longo período de convergência com a União Europeia”.

“O que me parece capital é que só daremos sustentabilidade ao nosso desenvolvimento fazendo o que fizeram os sectores que já recuperaram da crise: assentar o desenvolvimento na inovação. Ela é a chave para sectores de tecnologia complexa, mas também para modernizar sectores da economia tradicionais”, frisou o governante, em Vila Nova de Gaia, na cerimónia de apresentação da segunda fase do Quadro de Investimento Inteligente daquele município.

Para António Costa, num momento em que o país saiu “do procedimento de défice excessivo”, em que “as instituições europeias dão um sinal de enorme confiança” na economia nacional e “o emprego está numa trajetória muito positiva”, Portugal tem de focar-se “nos bloqueios estruturais da economia”, fazendo “os investimentos certos para continuar a ter o mais longo período possível de crescimento e de convergência com a União Europeia”.

“Temos tido bons resultados na economia e execução orçamental. O facto de o país não viver mais na angústia do que vai acontecer no dia seguinte, de viver com uma consolidação orçamental sólida, cria a oportunidade de nos centrarmos no fundamental: olhar para o país e ver como resolvemos problemas estruturais que nos tem bloqueado desde início deste século”, afirmou.

De acordo com o primeiro-ministro, estes “bloqueios estruturais” estão “diagnosticados no Programa de Reformas” do Governo e passam pela requalificação dos recursos humanos, a elevação do tecido empresarial, a modernização da administração pública, a capitalização das empresas, a valorização do território e a erradicação da pobreza e diminuição das desigualdades”.

Observando que, “para ter inovação, o país precisa de bons recursos humanos”, António Costa notou que boa parte do investimento estrangeiro que actualmente se fixa em Portugal o faz “pelos seus bons recursos humanos”.

“A nossa competência não poderá ser só em áreas de alta sofisticação, mas hoje há uma enorme oportunidade nessas áreas, que pode e deve ser aproveitada pelos licenciados em áreas de baixa empregabilidade”, frisou.

Costa acrescentou que a inovação “tem sido também a chave para transformar sectores tão tradicionais como o agroalimentar”, área em que Portugal foi capaz de “incorporar conhecimento no processo produtivo”.

O primeiro-ministro considerou “animador” verificar que o país tem actualmente “consciência de que não é possível crescer unicamente com base no sistema financeiro”.

“Depois de vivermos na ilusão de que dinheiro gerava dinheiro, constatamos que é a produção que gera dinheiro. É necessário produzir para gerar dinheiro e criar emprego”, observou.

António Costa vincou que “o investimento cresceu 8,9% e, mais importante, cresceu 15% na componente de máquinas e equipamentos, o que significa que as empresas estão a investir no que pode melhorar a sua competitividade”.

De acordo com o primeiro-ministro, é preciso, ao nível interno, “continuar a desenvolver e estimular o espírito empreendedor e apoiar as ‘startup’ [empresas emergentes de tecnologia], criando cada vez melhores condições para que se possam desenvolver”.

“Investir em ‘startup’ é correr risco de falhar, insistir, eventualmente voltar a falhar e a investir para ter sucesso. As maiores empresas tecnológicas das últimas décadas resultaram de vários insucessos até terem sucesso”, afirmou.

Para António Costa, Portugal não pode esquecer-se de que “há mais mundo para além da União Europeia”, olhando para mercados como a China e a Índia mas também para o Reino Unido, de onde muitas “empresas e actividades” vão sair devido ao Brexit. “Essas empresas terão em Portugal oportunidades únicas”, vincou.

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