Há um troféu à espera em Cardiff a separar Juventus e Real Madrid

Os extremos tocam-se na final da Liga dos Campeões: Juventus, a equipa com mais finais perdidas, tenta evitar que o Real Madrid, recordista de triunfos, renove o título.

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Há muito que nas ruas de Cardiff se vive o ambiente da Liga dos Campeões ANDY RAIN/EPA

Pela segunda vez na história, Juventus e Real Madrid vão defrontar-se na final da Liga dos Campeões. Nessa noite de Maio de 1998, em Amesterdão, o triunfo foi dos espanhóis – e Zinedine Zidane, o actual treinador dos “merengues”, vestia a camisola do emblema italiano. Três anos depois viria a mudar-se para a capital espanhola (pelo Real Madrid, conquistou a Champions em 2002, frente ao Bayer Leverkusen, tendo decidido a final com um golo soberbo), e desde a época passada assumiu o papel de treinador de Cristiano Ronaldo e companhia.

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Esta noite (19h45, RTP1), em Cardiff, o técnico francês de 44 anos vai tentar fazer do Real Madrid o primeiro campeão a revalidar o título desde que a Champions adoptou o formato actual. Mas a tarefa dos madrilenos não será fácil, porque vão ter pela frente um adversário super-motivado para “vingar” a derrota de há 19 anos: a Juventus tem reinado em Itália, onde leva seis títulos consecutivos. E pode tornar-se na nona equipa europeia (e a segunda italiana, depois do Inter de Milão) a completar a tripla campeonato-Taça-Liga dos Campeões.

Com um longo historial europeu, Juventus e Real Madrid já se encontraram 18 vezes na mais importante competição europeia de clubes – e o equilíbrio é a nota dominante, com oito triunfos para cada lado e dois empates. Mas há aspectos em que os dois adversários estão em extremos opostos: o Real Madrid é dos emblemas com melhor aproveitamento em finais da Champions (11 troféus em 14 possíveis, tendo ganho as últimas cinco finais que disputou), enquanto a Juventus venceu apenas duas das oito em que esteve presente (e perdeu as últimas quatro).

O desempenho na Liga dos Campeões desta época também tem estatísticas diametralmente opostas: a Juventus sofreu apenas três golos nos 12 jogos disputados até chegar à final (e marcou 21), enquanto o Real Madrid sofreu 17 (mas marcou 32), só tendo mantido a baliza inviolável numa ocasião. “Amanhã [hoje] as estatísticas não contam para nada. É uma final e temos de vencê-la. Haverá momentos para atacar e para defender. Temos de entrar convictos que podemos levar a taça para casa”, vincou o treinador da Juventus, Massimiliano Allegri. “Sabemos que é uma final, um jogo em que tudo pode acontecer. É 50-50 e vamos fazer o máximo para ganhar a Champions outra vez. O Real Madrid sabe viver com a pressão, vive sempre com ela”, resumiu Zidane.

CR, ausente muito presente

Nenhum dos futebolistas que estão em Cardiff tem mais experiência na Liga dos Campeões do que Cristiano Ronaldo (139 jogos e 103 golos). E, mesmo não tendo estado presente nas conferências de imprensa, o internacional português do Real Madrid – que pode acrescentar a quarta Champions ao currículo, a juntar às de 2008 (pelo Manchester United), 2014 e 2016 – foi o homem de quem se falou. “Ele quer sempre mais, até nos treinos quer ganhar. Dá isso à equipa e isso é o que mais me importa. É um líder nato para os outros, sobretudo em campo. Fora de campo é uma boa pessoa e preocupa-se com todos”, elogiou Zidane. E se os dois tivessem coincidido, quem seria a estrela? O treinador nem hesitou: “Cristiano. Sem dúvida. Porque marca golos, isso é o mais importante (risos). Eu jogava bem futebol, mas marcar golos... não marcava muitos. Bom, marquei alguns. Mas não é fácil.”

As palavras elogiosas para Cristiano Ronaldo também vieram do adversário. Gianluigi Buffon, um símbolo da baliza da Juventus e da selecção italiana, procura a primeira Champions da carreira e admitiu que vê no internacional português um “modelo desportivo”. “É um exemplo para todos, jovens e menos jovens. Aos 39 anos pensava que já não teria quase nada a melhorar no aspecto emocional, nos ensinamentos que um companheiro te pode dar. Jogadores como o Cristiano Ronaldo ou o Dani Alves conseguem vencer imenso e nunca ficarem satisfeitos, querem sempre mais”, afirmou o guardião, confessando que pediu ao lateral brasileiro, quando ele chegou esta época a Turim, vindo do Barcelona (onde venceu a Champions três vezes) para o ajudar a erguer o troféu.

O conselho de Dani Alves para os seus companheiros que nunca ganharam a Champions era simples: “Eu vou dormir descansado, como faço sempre. Aconselho-os a dormirem também”, disse, meio a sério e meio a brincar, na conferência de imprensa.

Dormir melhor, correr mais e marcar mais golos. A receita não é complicada e logo à noite, em Cardiff, escrever-se-á história na mais importante competição europeia de clubes – seja quem for que faça a festa.

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