PS diz que aviso de Moreira de que não dá jobs aos partidos não é para si

Manuel Pizarro afirma que “não há nenhuma contradição” entre o que defende o autarca do Porto em matéria de listas e a posição do PS.

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Manuel Pizarro é apontado como número dois na lista de Rui Moreira rui farinha/nfactos

“O Partido Socialista revê-se inteiramente na posição” assumida pelo independente Rui Moreira que fez saber aos partidos que apoiam a sua recandidatura – PS e CDS – que não quer jobs for the boys na lista que vai apresentar para a câmara e assembleia municipal do Porto.

Um dia depois de o assessor de imprensa do presidente da câmara, Nuno Santos, ter afirmado que o autarca não se deixará condicionar na escolha dos nomes das listas para os órgãos autárquicos, o líder da federação distrital do PS-Porto, Manuel Pizarro, que é apontado como futuro número dois na lista de Rui Moreira, vem dizer que “não encontra nenhuma contradição” entre o que diz o autarca e o que defende o seu partido, relativamente à composição das listas.

“Nós revemo-nos inteiramente na posição do dr. Rui Moreira O acordo entre o PS e o dr. Rui Moreira é um acordo sobre um programa político em defesa do Porto e não envolve nenhuma distribuição de lugares e isso é coincidente com que diz o presidente”, declarou ontem ao PÚBLICO o socialista Manuel Pizarro, frisando que “não encontra nenhuma contradição”.

A posição assumida pelo presidente da câmara não é, contudo, pacífica no PS e há mesmo quem considere que a secretária-geral-adjunta do partido foi desautorizada. Numa entrevista ao Expresso deste fim-de-semana, Ana Catarina Mendes declarou que “[o PS] terá uma representação forte [nas listas]”, uma convicção que o também vereador da Câmara do Porto considera “legítima”. E explica porquê: “Não tem nada de contraditório com o facto de que não haver nenhuma negociação de composição das listas entre o PS e o dr. Rio Moreira”. Manuel Pizarro deixa a ideia de que o facto de Rui Moreira não querer jobs for the boys na câmara “não quer dizer que não venha a haver pessoas do Partido Socialista na lista escolhida" pelo autarca independente. "É que uma parte dos quadros portuenses são pessoas qualificadas e são do PS”, argumenta.

”O acordo entre o PS e o presidente da Câmara do Porto funcionou bem nos últimos quatro anos, sem nenhuma negociação. Porque é que agora havíamos de mudar por causa da chamada 'mercearia'?”, questiona o líder federativo, empregando a expressão já usada pelo próprio Rui Moreira para se referir à forma como os partidos políticos costumam preencher as listas para os órgãos autárquicos.

O CDS, o outro partido que já anunciou o seu apoio ao autarca, considera que “Rui Moreira, como candidato independente, tem todo o direito de escolher as pessoas certas para as suas listas”. César Navio, que preside à concelhia do CDS-Porto, revela ainda que o seu partido “nunca exerceu nenhuma pressão em relação às listas” e que esta posição agora assumida pelo autarca apenas vem “mostrar que Rui Moreira é um candidato independente”.

Gomes Fernandes, um antigo dirigente nacional do PS, assiste com indignação a estas manifestações de Rui Moreira e insurge-se contra a passividade de que acusa o partido no Porto. “Este PS não vai a jogo, fica no balneário porque não tem coragem de ir para a campo. Que partido é este?"  E garante que “o PS não é assim”.

O antigo vereador do Urbanismo de Fernando Gomes acusa o PS liderado por Manuel Pizarro de “estar a cometer um erro fatal ao não apresentar um candidato próprio ao Porto” e critica a “posição subalterna que o partido está a ter”, para defender que o que está a acontecer na segunda cidade do país “era impensável” no tempo de Mário Soares. “Algum dia Mário Soares permitiria que houvesse eleições no Porto sem as bandeiras do PS?”

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