Ministro promete pagar horas extraordinárias a médicos com efeitos retroactivos

A reposição do pagamento das horas extraordinárias era um dos motivos invocados pelos sindicatos para a greve de 10 e 11 de Maio.

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O ministro falava à margem da apresentação do novo modelo de constituição dos Postos de Emergência Médica do INEM JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, assegurou nesta quarta-feira que a reposição do pagamento das horas extraordinárias aos médicos terá efeitos retroactivos a 1 de Abril.

A reposição integral do pagamento das horas extraordinárias para todos os clínicos é uma das reivindicações dos sindicatos médicos que levaram à convocação de uma greve para os dias 10 e 11 de Maio.

Em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia de apresentação do novo modelo de constituição dos Postos de Emergência Médica, o ministro explicou que está em tramitação legislativa uma alteração ao decreto-lei da execução orçamental, que prevê o pagamento das horas extraordinárias, "embora de uma forma diferenciada". Em Abril os clínicos, que até agora recebiam apenas 50% do valor destas horas, vão passar a receber 75%.

"Nós já afirmámos aos sindicatos que irá haver uma alteração a esse decreto-lei, para que não haja nenhum tipo de excepção e ela seja aplicada a todos os profissionais", disse Adalberto Campos Fernandes. "Isso está em tramitação legislativa, ocorrerá dentro de dias, e, portanto, a 1 de Abril os efeitos [retroactivos] estão garantidos e a alteração que foi negociada e comunicada aos sindicatos está assegurada", sustentou.

Sobre a convocação da greve pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam), o ministro disse que "muitas das reivindicações" que apresentam "são justas e vão ser acolhidas", apesar de algumas poderem não ser para já.

O ministro disse ainda compreender "muito bem aquilo que é a retórica sindical, a retórica política e os exercícios que se fazem para negociar". "Nós estamos a negociar, não vejo nos sindicatos nenhuma má-fé, e tenho a certeza que esse espírito de negociação, que continua a existir, vai permitir que na semana em que o Papa nos visita e que Portugal está virado para a maior concentração de visitantes num espaço de tempo muito curto, os sindicatos serão os primeiros a perceber que os médicos terão dificuldade em parar a sua actividade", frisou.

Os sindicatos estão contra a falta de concretização de medidas por parte do Governo e têm reclamado a reposição integral do pagamento das horas extraordinárias para todos os médicos. Na segunda-feira, divulgaram uma carta ao ministro da Saúde na qual mostravam o desagradado pela proposta de calendário e temas de negociação entre Governo e estruturas sindicais.

"As promessas ministeriais continuam a não ter tradução em actos concretos e em medidas de solução dos problemas existentes. As reuniões ditas negociais não passam de simulacros e de passar o tempo", afirmam os dirigentes do SIM e da Fnam, numa nota divulgada aos jornalistas no final do encontro.

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