Porta-voz da Casa Branca fez comparação com Hitler e choveram pedidos de demissão

Falando sobre o recente ataque na Síria, Sean Spicer afirmou que nem "alguém tão desprezível como Hitler utilizou armas químicas" nem "atacou o seu próprio povo" com gás. A história, obviamente, encarrega-se de o desmentir.

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Reuters/JOSHUA ROBERTS

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, resolveu fazer uma comparação entre o ataque com armas químicas ocorrido na semana passada na Síria, aparentemente ordenado pelo regime de Bashar al-Assad, e a actuação de Adolf Hitler durante a II Guerra Mundial. A polémica estalou quase instantaneamente a polémica e os pedidos de demissão também.

Durante o briefing diário com os jornalistas na Casa Branca, e numa altura em que falava nas responsabilidades de Assad em relação à utilização de armas químicas, Spicer quis reforçar a gravidade do crime. E disse isto: “Não foram usadas armas químicas na II Guerra Mundial. Tivemos alguém tão desprezível como Hitler que não utilizou armas químicas”. Logo de seguida, o porta-voz teve oportunidade para refazer a declaração depois de ter sido questionado por uma jornalista. “Penso que, quando falamos de gás sarin, ele [Hitler] não atacou o seu próprio povo da forma como Assad está a atacar”, insistiu Spicer.

Como se sabe, qualquer comparação com Hitler dá motivo a largas discussões e controvérsias. Mas a utilização de gás durante o período nazi deverá ser dos factos mais conhecidos de toda a política do Terceiro Reich. Basta lembrar os campos de concentração e as respectivas câmaras de gás que serviram para aniquilar milhões de pessoas.

Pouco tempo depois, a líder democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, divulgou um comunicado a exigir a demissão de Spicer.

Também o Centro Anne Frank, nos EUA, recorreu ao Twitter para pedir o afastamento do porta-voz da Casa Branca.

Defendendo a declaração, Spicer explicou depois que falava na forma de utilização do gás. Ou seja, na Síria são utilizados aviões para o despejar “sobre inocentes no meio das cidades”. O que não aconteceu no caso da Alemanha nazi.

No entanto, horas depois, e em entrevista à CNN, Spicer admitiu o erro, garantindo que não pretendia “diminuir a natureza horrenda do Holocausto”, e pediu desculpa pelo lapso. A declaração "foi insensível e inapropriada", afirmou.

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