Os senhores da terra

Começam a aparecer por aí certos senhores que se comportam como se fossem donos disto tudo e nós fôssemos beneficiários deles.

Os turistas são como visitas e sabe bem tratá-los como convidados. É bom falar com eles e perguntar-lhes pelos países onde vivem: é quase tão bom como viajar.

Ainda é cedo para falar em 2017 mas já noto uma diferença. Começam a aparecer por aí certos senhores - sozinhos ou em casal - que se comportam como se fossem donos disto tudo e nós fôssemos beneficiários deles.

São sempre da mesma nacionalidade. Não vou dizer qual é porque a maioria dos compatriotas é afável e civilizada. Mas é impossível ficar na dúvida porque fazem questão de gritar na língua deles - geralmente ao telemóvel.

Acham que as regras não se aplicam a eles. Bebem galões, cervejas e copos de vinho em restaurantes onde nós os indígenas somos obrigados a almoçar ou jantar para termos direito a uma mesa. Nunca vão além de uma unidade, porque têm terror de fazer despesa, estando convencidos, por muito pouco que paguem, que estão a ser enganados.

Se o empregado lhes pergunta se querem outro copo de vinho agitam freneticamente as cabeças, aliviados por terem sido compreendidos. Bem bastam os 30 ou 40 cêntimos que já deram a ganhar ao estabelecimento.

Falando com eles dizem-nos que em Portugal se vive muito bem, ficando implícito que, se calhar, é bem demais e, na volta, é à custa deles que, sim, são mais ricos mas, lá está, porque trabalham mais. E só vêm cá de férias, gastando o mínimo possível, enquanto nós passamos cá a vida, a esbanjar os fundos europeus que nos dão.

Para irritá-los concordo com eles.

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