Tribunal pediu relatório da PwC sobre eleições no Montepio

O tribunal requereu à PwC o relatório do acto eleitoral que elegeu Tomás Correia como líder da Associação Mutualista Montepio Geral, que nomeia os factos verificados no acompanhamento presencial da votação e na recepção, guarda e leitura dos votos recepcionados por correio.

Foto
Tomás Correia lidera a Associação Mutualista LUSA/ANTÓNIO COTRIM

 A auditora clarifica que não foi contratada para fazer “um juízo dos acontecimentos e dos procedimentos.” 

O relatório da PwC chegou ao Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa a 24 de Fevereiro deste ano e foi solicitado no quadro da acção de impugnação da eleição para os órgãos sociais do Montepio Geral, que decorreu a 2 de Dezembro de 2015. Hoje serão ouvidos Paulo Sousa e Nuno Raínho, da PwC, que estiveram no grupo elementos destacados pela auditora, terminando assim a fase de audição de testemunhas apresentadas pelos réus.

O secretariado do grupo mutualista pediu à PwC que seguisse parcialmente o processo eleitoral: na recepção, guarda e abertura dos votos por correspondência, desde a chegada aos correios até entrarem nas instalações da mutualista; e no acompanhamento presencial da votação em urna e contagem dos votos. Para garantir o trabalho, a PwC destacou oito elementos para as instalações do cliente.

No documento, a auditora chama a atenção para o facto de o trabalho excluir as análises de natureza jurídica, a certificação de processos, dos sistemas manuais ou informáticos, a leitura óptica dos votos e cotagens automáticas, a verificação da elegibilidade das pessoas que integraram as listas ou a capacidade de exercício de voto, a correcção de deficiências ou auditoria informática. E são precisamente estes temas que os associados que contestam a validade do processo eleitoral que reconduziu Tomás Correia pediram para serem "controlados". 

A lista eleita a 2 de Dezembro de 2015 recebeu 30.891 votos, cerca de 59% dos associados, e, para além de Tomás Correia, integra nomes como o do padre Vítor Melícias e do ex-ministro Álvaro Pinto Correia (ex-mandatário distrital da candidatura de Cavaco Silva à Presidência).

As acusações de alegadas irregularidades e falta de transparência no processo eleitoral, que sustentam a impugnação da votação, partiram da lista D, liderada por António Godinho, onde estão o sindicalista João Proença, o ex-ministro das Finanças António Bagão Félix e o general Pinto Ramalho. E apoiada por vários associados muito activos, onde se destaca José Braga Gonçalves, o antigo homem forte da Universidade Moderna, que esteve detido durante quatro anos acusado de corrupção, período em que aproveitou para escrever dois romances sobre a Maçonaria — o Maçon de Viena e O Príncipe Rosa-Cruz. Braga da Cruz integra também a equipa de advogados que dão apoio aos associados que meteram a acção de impugnação das eleições de Dezembro de 2015.

A contestação é anterior à eleição de 2 de Dezembro de 2015 e justificou mesmo que a 18 de Novembro desse ano, a lista D tivesse avançado com uma providência cautelar, a solicitar a suspensão do acto eleitoral. Após a recusa da juíza, seguiu-se o pedido de impugnação da eleição de Tomás Correia. Em causa estava a alegada inexistência de caderno eleitoral, a não entrega a todas as candidaturas de informação para que pudessem contactar directamente os eleitores, a composição assimétrica da comissão eleitoral, com predominância de elementos da Lista A, vencedora, e o recurso pelo grupo de Tomás Correia a meios internos do Montepio.  

Sugerir correcção
Comentar