Ameaça de greve dos médicos: Governo vai reunir-se com os sindicatos

No centro do conflito entre o Governo e os médicos está a reposição do pagamento das horas extraordinárias que vai entrar em vigor um mês depois do previsto e só para alguns profissionais. Campos Fernandes promete diálogo.

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Campos Fernandes falava à margem do Fórum Nacional da Saúde, em Santo Tirso. LUSA/ESTELA SILVA

O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, vai reunir-se na terça-feira com os sindicatos dos médicos face à possibilidade de uma greve devido às horas extraordinárias, anunciou o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, à margem do Fórum Nacional da Saúde, esta segunda-feira, em Santo Tirso.

“O diálogo está aberto e tudo faremos para, num quadro de responsabilidade política global, irmos ao encontro daquilo que são as expectativas legítimas [dos médicos]”, disse Campos Fernandes. “Mas como os portugueses compreenderão não são todas elas susceptíveis de serem atendidas num único momento porque o país não está em condições para isso”, acrescentou.

No centro do conflito entre o Governo e os médicos está a reposição do pagamento das horas extraordinárias que vai entrar em vigor um mês depois do previsto e só para alguns profissionais.

Desde 2012 que o pagamento das horas extraordinárias está sujeito a um corte de 50% em toda a administração pública. A reposição não abrange os médicos que fazem trabalho extraordinário em regime de prevenção e à chamada, nos serviços de urgência interna dos hospitais e que asseguram os prolongamentos de horário dos centros de saúde.

 Apesar da promessa de diálogo, o Governo não garante o atendimento das reivindicações. “Em todos os momentos políticos há tensões que têm que ver com aquilo que possam ser as frustrações legítimas dos profissionais e aquilo que é a capacidade do Estado e dos governos assumirem as suas responsabilidades perante o colectivo”, disse Campos Fernandes.

Questionado sobre o facto de, no ano passado, quase 600 médicos terem requerido o certificado que lhes permite trabalhar no estrangeiro, o que traduz um aumento de 29% face a 2015, o ministro da Saúde apelou à distinção entre o que é "uma emigração impositiva, à força", daquela que é desejada e que resulta do facto de os jovens "circularem" e terem aspirações profissionais que não se esgotam no país. "Nessa matéria, o que o Estado está a fazer é a contribuir para a sua formação e a fazer tudo para que os melhores se mantenham entre nós", desdramatizou, dizendo confiar que, ao longo deste ano e à semelhança do que diz ter ocorrido em 2016, mais médicos entrem para o Serviço Nacional de Saúde, por via da melhoria das condições de trabalho, dos incentivos à fixação em zonas do interior do país e do investimento em novos centros de saúde e hospitais. 

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