EUA ponderam separar mães e filhos que entrem ilegalmente a partir do México

Medida em discussão visa desmotivar a entrada de famílias. Democratas advertem que se trata de uma violação dos direitos humanos.

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Entre Outubro de 2016 e Janeiro de 2017 entraram ilegalmente nos EUA 54 mil crianças Reuters

Mães e filhos menores que atravessem ilegalmente a fronteira do México para os Estados Unidos podem ser separados pelas autoridades, segundo uma proposta que está a ser avaliada pelo Departamento de Segurança Interna.

A proposta visa desincentivar as mães de emigrarem ilegalmente para os EUA levando os filhos, disseram à Reuters fontes oficiais que foram informadas da proposta.

Esta mudança na lei permitiria ao Governo manter as mães sob custódia enquanto contestam a deportação ou esperam pelo resultado de pedidos de asilo, enquanto as crianças seriam entregues aos serviços sociais até serem devolvidas às famílias ou entregues a famílias de adopção temporária.

Actualmente, as famílias que contestam deportações ou que pediram asilo são libertadas e podem permanecer nos EUA enquanto esperam resposta. Uma decisão dos tribunais impede a detenção prolongada de menores.

O Presidente Donald Trump tinha pedido o fim da política do "apanha e liberta", que permite aos que são interceptados a entrar ilegalmente no país viverem nos EUA enquanto esperam as conclusões dos processos.

Duas das fontes que falaram à Reuters sobre a proposta foram informadas dela no dia 2 de Fevereiro, numa reunião para funcionários do Serviço de Imigração e Cidadania que teve como orador o chefe do serviço, John Lafferty. Uma terceira fonte deste departamento confirmou que está a ser ponderado separar as mães dos filhos, mas disse que ainda não foi tomada uma decisão.

O departamento não quis comentar a questão. Porém, enviou um comunicado à Reuters, que diz: "A viagem para Norte é perigosa e em muitos casos as crianças — levadas pelos pais, familiares ou traficantes — são expostas a exploração, a abusos e até podem perder a vida. Tendo em conta a segurança, o Departamento de Segurança Interna explora a opção de desencorajar estas viagens".

O congressista democrata do Texas Henry Cuellar considera a proposta um erro: "Separar mães e crianças é errado. "Este tipo de coisa afasta-nos da segurança na fronteira e faz-nos entrar na violação dos direitos humanos", acrescentou.

Cerca de 54 mil crianças, juntamente com os seus guardiães, foram interceptadas entre Outubro de 2016 e Janeiro de 2017, mais do dobro dos interceptados no mesmo período em 2015-16.

No Congresso, muitos republicanos argumentam que as mulheres estão dispostas a arriscar a vida dos filhos pois sabem que serão libertadas e que poderão passar anos até serem chamadas para resolver a sua situação.

Organizações de defesa dos direitos humanos dizem que os EUA podem enfrentar processos em tribunal, por violação de direitos humanos, se avançarem com esta solução.

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