Trânsito fica cortado até ao fim das obras na Rua Damasceno Monteiro

Muro colapsou devido ao peso das terras acumulado ao longo dos anos. Directora municipal de projectos e obras da câmara de Lisboa salienta que estes muros antigos “não avisam que vão desmoronar”.

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Autarquia assegura alojamento e alimentação aos 78 moradores dos prédios afectados LUSA/TIAGO PETINGA

Enquanto durarem as obras na Rua Damasceno Monteiro, em Lisboa, onde um desabamento de terras obrigou à evacuação de cinco prédios na segunda-feira, o trânsito vai estar cortado nesta rua da zona da Graça, que separa as freguesias de Arroios e São Vicente de Fora. A câmara, que avançou com as obras, estima que estas se prolonguem por quatro meses, número que pode variar à medida que os trabalhos avançam.

“Neste caso de obras inesperadas e de bastante complexidade técnica, (…) este dado é absolutamente falível”, realçou esta sexta-feira, em declarações aos jornalistas, a directora municipal de projectos e obras, Helena Bicho. As condições atmosféricas também podem atrasar os trabalhos.

Durante esse período, a autarquia assegura alojamento e alimentação aos 78 moradores dos prédios afectados (números 102, 104, 106, 108 e 110), referiu Carlos Castro, vereador com o pelouro da protecção civil. Falava no final da reunião desta sexta-feira com os moradores a fim de os informar sobre os trabalhos a decorrer.

Apesar da queda das “areias que se vão libertando”, o autarca garante que não voltaram a cair partes do muro. “Vamos trabalhar durante o fim-de-semana no sentido de começar a fazer a intervenção para repor a normalidade nesta área da cidade”, salientou o vereador.

O trânsito permanecerá cortado devido à presença de uma grua que permitirá aos trabalhadores aceder às traseiras do edifício, onde desabou o muro. “Neste momento, a fim de assegurar a segurança dos trabalhadores que o vão fazer, vamos consolidar, retirar terras na zona onde eles vão trabalhar e vão trabalhar em cima de máquinas, nunca directamente no terreno”, explicou Helena Bicho.

Vários moradores retiraram, esta sexta-feira, alguns dos seus pertences dos cinco prédios afectados. Aqueles que não têm possibilidade de ficar com familiares foram realojados pela autarquia em hotéis. Os moradores notam que há já vários anos alertavam para o risco de ruína do muro em causa. Francisco Neves, dono de uma loja naquela rua, conhecia os receios dos vizinhos. “Vi as várias cartas registadas que eles enviaram à câmara. Isto não aconteceu de um dia para o outro”, afirmou o comerciante.

“Estes muros não avisam que vão desmoronar”

Ao que os técnicos municipais apuraram o muro, propriedade do condomínio Vila da Graça, colapsou com o peso das terras, originando os deslizamentos que provocam estragos nos cinco edifícios e várias viaturas. Segundo Helena Bicho, está em causa um muro de betão, construído nos anos 40, que, “ao fim destes anos todos, porque a drenagem natural do muro deixou de funcionar, naturalmente, colapsou". “São muros frágeis que funcionam por gravidade”, acrescentou.

De acordo com a directora municipal, “este tipo de muros muito antigos não são de betão armado e, portanto, não têm manutenção propriamente dita”, disse ao PÚBLICO, acrescentando que estruturas como esta “não avisam que vão desmoronar”.

“Eventualmente o que se poderia ter feito era remover o muro todo e fazer um muro de betão armado, dado que é efectivamente um enorme muro”, ressalvou, notando que se trata de propriedade privada.

Quanto ao apuramento de responsabilidades, Carlos Castro remeteu para mais tarde, referindo que a prioridade é, neste momento, “restabelecer a segurança para que as pessoas possam voltar às suas casas”.

Nos próximos dias, as equipas vão refazer a parte do muro que derrubou e reforçar os dois troços que ficaram em pé.

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