O alvo andante

Foram Kurt Andersen e Graydon Carter na hilariante e saudosa revista Spy, na segunda metade dos anos 80, que ensinaram o mundo a fazer pouco de Donald Trump. Trinta anos depois ambos continuam alegremente a manter a tradição. Como mostra Sidney Blumenthal no sanguinário ataque "A Short History of the Trump Family" no último London Review of
Books
, disponível grátis online, os dedos curtos de Donald Trump foram inventados por Anderson e Carter
para o imortal epíteto short-fingered vulgarian que, incrivelmente, continua a incomodar o Presidente dos EUA. Por alguma razão Blumenthal incluíu a palavra Short no título do ensaio, apesar dele ser, felizmente, bastante comprido.

"Um Pilar de Ignorância e Certeza", o editorial de Carter na mais recente Vanity Fair é uma pequena obra-prima do género. Conta que, não obstante a oposição dele como director daquela revista, Trump visitou os escritórios da Condé Nast no princípio de Janeiro. O "get-together was off the record" mas isso "acaba por não interessar porque não me lembro de nada que [Trump] tenha dito que ele não tivesse já dito muitas vezes antes".

Se Trump não se picasse tanto é provável que estas demolições abrandassem. Mas Trump é tão vaidoso que não desiste de tentar persuadir os seus mais sinceros e enojados detractores que afinal ele não é nada como o pintam. Nas palavras bem escolhidas de Carter "o cérebro de Trump é como uma gaiola badalhoca, saltando de um pensamento aleatório para outro". É irresistível acicatá-lo.

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