Trump culpa sistema informático e manifestantes pelo caos nos aeroportos

Decisão do Presidente dos EUA continua a merecer críticas por todo o mundo. Merkel diz que proibição viola "espírito da cooperação internacional".

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Reuters/STEVE DIPAOLA

O Presidente dos EUA, Donald Trump, escreveu nesta segunda-feira no Twitter que o caos registado nos aeroportos americanos depois da ordem executiva para impedir a entrada de refugiados e de cidadãos de sete países se deveu a problemas informáticos e aos manifestantes.

“Apenas 109 em 325 mil [pessoas] foram detidas para interrogatório. Os grandes problemas nos aeroportos foram provocados pelo sistema informático da Delta, pelos manifestantes e pelas lágrimas do senador [Chuck] Schumer”, escreveu Donald Trump no Twitter, acrescentando que o secretário de Segurança Nacional, John Kelly, garantiu que a implementação das novas medidas está a decorrer “com muito poucos problemas”.

Na sexta-feira, Donald Trump assinou um decreto que proíbe a entrada a todos os refugiados durante 120 dias, assim como a todos os cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Síria, Líbia, Sudão, Irão, Iraque, Somália e Iémen) durante 90 dias.

A medida gerou imediatamente críticas, até de membros do Partido Republicano, e gerou o caos nos aeroportos logo no sábado.

Trump vem agora desreponsabilizar-se da confusão gerada, argumentando ainda que a medida não podia ser previamente anunciada. "Se a proibição fosse anunciada com uma semana de antecedência, os 'maus' correriam para entrar no nosso país durante essa semana. Há muitos 'maus' por aí", escreveu o Presidente dos EUA no Twitter.

As medidas anti-imigração de Donald Trump mereceram já críticas do Governo português, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, a afirmar que "é inconcebível que se negue o direito de entrada a pessoas que têm autorização de residência no país”. “É, em termos europeus, absolutamente ilegal”, salientou, em declarações à Lusa.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também criticou a opção tomada por Trump, considerando que ela viola o espírito da cooperação internacional. “A batalha decisiva e necessária contra o terrorismo não justifica de nenhuma maneira pôr grupos de certas pessoas sob suspeita – neste caso os muçulmanos ou pessoas de uma certa origem”, criticou Merkel, durante uma conferência de imprensa, em Berlim.

“Na minha opinião, este acto é contrário aos princípios básicos da cooperação internacional e da ajuda aos refugiados”, defendeu Merkel, revelando que está em conversações com os parceiros europeus sobre este tema e garantindo que a Alemanha defenderá os interesses dos cidadãos com dupla-nacionalidade alemã e de países agora vetados por Trump.

Também o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al Hussein, criticou a decisão de Trump. “A discriminação com base na nacionalidade é proibida pela lei dos direitos humanos”, lê-se na conta de Twitter desta agência da ONU, onde se cita ainda outra frase de Zeid Ra'ad al Hussein: “A proibição [decretada] pelos EUA é também mesquinha e desperdiça recursos necessários para a luta antiterrorismo adequada”.

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