PSD não discute medidas avulsas, só políticas sectoriais

Sociais-democratas mantêm estratégia de não serem muletas da maioria de esquerda.

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Pedro Passos Coelho e Luís Montenegro Miguel Manso

A pergunta que se faz entre os sociais-democratas é: qual é a próxima TSU? A resposta não é assim tão clara. O PSD vai continuar a estratégia de desgaste da maioria de esquerda, mas rejeita esmiuçar propostas avulsas e prefere alargar o debate à política do respectivo sector. O PSD é a favor ou contra a regulamentação da Uber proposta pelo Governo? O PSD responde que, se não há consenso à esquerda, então o debate terá de ser sobre a política de transportes em geral. E aí os sociais-democratas têm propostas que são opostas às defendidas pela esquerda.

A estratégia foi explicada pelo próprio líder do PSD, Pedro Passos Coelho, aos deputados na reunião da bancada desta quinta-feira, um dia depois de o partido ter surpreendido o Governo com o voto contra a descida da TSU – Taxa Social Única. Foi uma reunião muito crítica para a actuação do Governo e do primeiro-ministro em particular. Passos Coelho mas também o vice-presidente Marco António Costa e o deputado Luís Marques Guedes apontaram o dedo a António Costa por ter convocado os parceiros sociais para a residência oficial, e não para a concertação social, com vista a encontrar alternativas à descida da TSU chumbada no Parlamento.

No final da reunião, o líder parlamentar Luís Montenegro deu voz a essas críticas ao acusar António Costa de ter sido “muito diligente para se reunir com os parceiros sociais não na sede da concertação social mas na sede do Governo, o que mostra bem o respeito que tem pela concertação social”. Já questionado sobre a posição do PSD sobre a alternativa encontrada – a redução do Pagamento Especial por Conta – o líder da bancada escusou-se a adiantar como é que o partido actuará, falando em política fiscal em geral.

O mesmo aconteceu em questões como as Parcerias Público-Privadas (PPP) da saúde e sobre outras propostas como o aumento do número de dias de férias, propostas pelo BE e PCP, que serão votadas esta sexta-feira. Aí o PSD coloca a discussão não na medida em concreto mas sim na política geral de saúde ou na política laboral, mantendo a linha de que o PSD não servirá de “muleta” ao Governo quando houver um desentendimento na maioria de esquerda. Uma estratégia que agrada aos sociais-democratas e que injectou ânimo nas bases quanto à liderança de Passos Coelho.

A proposta de lei sobre a regulamentação da Uber, que ainda não foi agendada para debate no Parlamento, pode vir a ser mais um caso em que o PSD tem a decisão de aprovação nas mãos, já que o PCP mostra-se contra e o BE pondera apresentar propostas de alteração. Os sociais-democratas dizem estar disponíveis para o debate mas sobre a política de transportes em geral. E aí podem apresentar propostas que vão contra o que tem sido aplicado pelo Governo com o apoio das bancadas de esquerda, que tem passado por reverter as concessões aos privados.

Esta linha de intervenção do PSD é divergente da posição assumida pelo CDS que se tem mostrado muito mais contido e que preferiu avançar desde logo com propostas alternativas ao chumbo da TSU. Apesar de Assunção Cristas manter a intenção de ser dura com António Costa nos debates quinzenais, a líder do partido opta por fazer oposição “pela positiva” com propostas e não dar a imagem de que apenas critica. 

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