Consenso em torno do nome de Emídio Sousa para o Conselho Metropolitano do Porto

Autarcas socialistas da Área Metropolitana do Porto decidiram, por unanimidade, dar o aval ao nome escolhido pelo PSD

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O presidente da Câmara de Santa Maria da Feira deverá assumir a presidência do CmP Adriano Miranda

É cada vez mais consensual a escolha do presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, para suceder a Hermínio Loureiro na presidência do Conselho Metropolitano do Porto (CmP). Depois de o seu nome ter sido admitido por fontes sociais-democratas, a federação distrital do PS do Porto anunciou que irá “cumprir escrupulosamente o acordo que estabelece quem será o presidente do Conselho Metropolitano”. Também o independente Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, concorda com a escolha, recusando-se a comentar o repto deixado pelo deputado do PSD, Paulo Rios de Oliveira, de que devia candidatar-se ao cargo.

“Emídio Sousa é o homem certo para o lugar certo”, disse ao PÚBLICO o líder da distrital do PSD/Porto e presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes. O autarca explica que o nome do autarca de Santa Maria da Feira foi decidido entre as distritais sociais-democratas do Porto e de Aveiro e também com os autarcas do PSD da margem sul do Douro da Área Metropolitana do Porto, uma vez que o acordo inicial sobre a eleição do presidente do CmP definia que este devia ser encontrado aí.

Para Bragança Fernandes, Emídio Sousa tem um conjunto de qualidades que justificam que a sua escolha esteja a ser encarada sem grandes sobressaltos. “É um nome coerente, uma pessoa que sabe fazer pontes, consensual e que sabe muito de fundos comunitários”, disse. Por isto, mas sobretudo por “uma questão de ética”, o autarca da Maia não se mostra surpreendido com a aceitação que tem sido conhecida em torno desta escolha.

Na noite de terça-feira, a distrital socialista reuniu-se para discutir o tema e, em comunicado, anunciou que a decisão de cumprir o acordo inicial e “votar favoravelmente o autarca a escolher pelo PSD” foi tomada por “unanimidade” pelos autarcas do PS da Área Metropolitana do Porto. Mesmo sem a eleição formal, o próprio Emídio Santos, em declarações à Lusa, disse já estar “satisfeito” com o modo como o seu nome tem sido acolhido. “Naturalmente fiquei satisfeito quando vejo que me reconhecem essa possibilidade [de assumir o cargo]”, disse.

O futuro líder do CmP será eleito em reunião que deverá ser agendada pelo presidente socialista da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, que, por ser o 1.º vice-presidente de Hermínio Loureiro, está temporariamente à frente do CmP. A data ainda não foi marcada.

O nome de Emídio Sousa é o único de que se tem falado para substituir o ex-autarca de Oliveira de Azeméis à frente do CmP, que no final do ano anunciou a renúncia à presidência da câmara e, por consequência, aos cargos que ocupava decorrentes dessa função. Ainda assim, esta quarta-feira, num artigo de opinião publicado no Jornal de Notícias, Paulo Rios de Oliveira, deputado e coordenador autárquico da distrital do Porto do PSD, desafiou Rui Moreira a candidatar-se ao cargo, defendendo que a decisão de este abdicar de assumir uma candidatura à presidência do CmP, logo no início do mandato, “foi um erro e um erro que tem três anos de evidência”.

Questionado sobre esta matéria, Bragança Fernandes desvalorizou, dizendo que “essa é a opinião pessoal dele”, que não vincula o PSD. Já Rui Moreira recusou-se a fazer qualquer comentário. O autarca também não quis pronunciar-se sobre a possibilidade de Emídio Sousa vir a assumir a presidência do CmP, mas o PÚBLICO sabe que o autarca foi ouvido sobre esta escolha, tendo concordado com ela.

Em relação aos dois vice-presidentes do CmP - Joaquim Couto e Bragança Fernandes - não deve haver qualquer alteração.

Uma unanimidade difícil de gerir

A unanimidade dos autarcas do PS relativamente à liderança do Conselho Metropolitano do Porto (CmP) foi conseguida a ferros. Na terça-feira, na reunião convocada para acertar a posição do partido, houve presidentes de câmara que se insurgiram contra o acordo feito entre o PS e o PSD para a liderança metropolitana nas autárquicas de 2013.

De acordo com relatos feitos ao PÚBLICO, a reunião decorreu em clima de grande tensão e o presidente da Câmara de Valongo foi dos mais críticos. José Manuel Ribeiro entende que a liderança do CmP não devia continuar nas mãos do PSD.

Tendo em conta a crispação, foi decidido contactar o ex-presidente da distrital do PS-Porto e actual secretário de Estado das Comunidades, José Luis Carneiro, para que confirmasse a existência de um acordo que previa que a liderança metropolitana fosse protagonizada dois anos pelo PSD e dois anos pelo PS.

Ao PÚBLICO, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, afirma que “não faz sentido a nove meses das eleições autárquicas estar a quebrar um acordo feito entre os dois partidos”. O autarca confirma as divergências durante a reunião e adianta: “Na hora de saída de Hermínio Loureiro, houve pessoas quer do PS, quer do PSD, que me disseram que gostariam de se candidatar ao lugar, ao que respondi que deveria ser respeitado o acordo”. O PÚBLICO contactou José Manuel Ribeiro mas sem sucesso.

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