Quantas pessoas morreram na guerra da Síria?

Com o último cálculo publicado a situar-se nos 312 mil mortos, as estimativas foram variando ao longo dos cinco anos do conflito e consoante as organizações.

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A guerra na Síria começou em 2011 AFP/GEORGE OURFALIAN

Iniciado em 2011, o conflito na Síria passou rapidamente de um conjunto de manifestações violentas para uma guerra civil e, depois, para um conflito internacional onde os mais variados Estados e grupos se envolveram.

A guerra tomou proporções humanitárias tais que o mundo teve de se virar e concentrar neste pequeno país do Médio Oriente. Os avisos são muitos e a urgência para a resolução deste conflito é cada vez maior. Isto porque apenas se sabe que as pessoas na Síria morrem ou vêem as suas casas destruídas e fogem. Foi da Síria que mais contribuiu para a maior vaga de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. No entanto, o número exacto de mortes provocadas pela guerra é desconhecido.

Não se pode afirmar com certeza quantas pessoas morreram desde o início das hostilidades. Mas é possível compilar as diversas estimativas feitas ao longo dos anos e perceber que variam de acordo com as organizações que as produzem. Foi o que fez o jornal espanhol El País.

As Nações Unidas, por exemplo, deixaram de calcular o número de vítimas em 2014. Até então, e numa altura em que os conflitos duravam há três anos, a ONU contabilizava 250 mil mortos. Em Abril deste ano, Staffan de Mistura, enviado especial da ONU para a Síria, colocava o número de mortos nos 400 mil. Antes, em Fevereiro, um think tank não-governamental e sem fins lucrativos, o Syrian Center for Policy Research, dizia que já tinham morrido 470 mil pessoas e acrescentava dois milhões feridos – ou seja, 11,5% da população da Síria morreu ou ficou ferida.

Outra das organizações que tem funcionado como parte activa na guerra, como meio de difusão e divulgação das atrocidades cometidas na Síria, é o Observatório sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres. Mas até os cálculos do Observatório se foram contradizendo ao longo do tempo. Isto porque, esta terça-feira, a organização estabeleceu o número de 312 mil mortos documentados, admitindo que possam ascender aos 430 mil – e dessa forma reduzindo a anterior estimativa, de Junho de 2015, quando se calculavam 320 mil mortos.

Esta disparidade dos números comprova a fragilidade e o baixo rigor destas estimativas. No caso do Observatório, e segundo relata o El País, este faz o seu balanço com base no número de vítimas nas zonas controladas pelos rebeldes opositores ao regime de Bashar al-Assad, deixando de lado os civis mortos nas zonas controladas pelo Governo sírio que são atingidas por ataques rebeldes.

O Centro Sírio para a Investigação Política (SCPR, na sigla em inglês) é outra das entidades que acompanha a situação no país. Num estudo publicado pelo Guardian no passado mês de Fevereiro, o SCPR colocava o número de vítimas mortais nos 470 mil, contabilizando também 1,9 milhões de feridos. Isto significa que, no conjunto dos cálculos conhecidos, o número de mortos desde 2011 na Síria está entre o mínimo de 170 mil e o máximo de 470 mil.

Citando o Centro de Documentação de Violações na Síria, o El País diz ainda que a maior causa de morte durante a guerra são os disparos, com cerca de 56 mil mortos; os bombardeamentos em terra (os morteiros, por exemplo, provocaram quase 33 mil mortos); os bombardeamentos aéreos, que mataram, calcula-se, quase 30 mil pessoas; e as execuções, com mais de nove mil mortos estimados.

 

 

 

 

 

 

 

 

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