Trump vai ao Indiana anunciar que uma fábrica não vai para o México

Pormenores do acordo não são conhecidos. Fábrica de aparelhos de ar condicionado emprega 1400 pessoas e é detida por uma empresa da área da Defesa que lucra 6,5 mil milhões de dólares por ano em negócios com o Governo.

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Donald Trump e o seu vice-presidente eleito, que é também governador do Indiana Drew Angerer/AFP

O Presidente eleito dos Estados Unidos vai aparecer esta quinta-feira no estado do Indiana para anunciar que uma fábrica de aparelhos de ar condicionado que estava prestes a mudar-se para o México vai, afinal, ficar no país. A fábrica da empresa Carrier emprega 1400 trabalhadores e o acordo, que foi anunciado sem pormenores, prevê a manutenção de “quase mil postos de trabalho”.

O acordo foi confirmado pela empresa, mas ninguém sabe o que vai custar esta decisão, que está a ser vista pelos apoiantes de Donald Trump como a prova de que o Presidente eleito ainda nem sequer chegou à Casa Branca e já está a cumprir a promessa de impedir a saída de fábricas para países como o México ou a China.

“Quinta-feira vai ser um grande dia para o Indiana, e um grande dia para os trabalhadores desse grande estado. Vamos manter as nossas empresas e postos de trabalho nos Estados Unidos. Obrigado, Carrier”, escreveu Donald Trump na sua conta no Twitter.

Em Fevereiro, a detentora da Carrier, a United Technologies, anunciou que ia fechar a fábrica no Indiana no final do ano, mudando-se para o México para poupar 65 milhões de dólares por ano em ordenados. Para além desta fábrica de aparelhos de ar condicionado, a United Technologies anunciou que vai também mudar para o México uma outra fábrica no Indiana, da United Technologies Electronic Controls, que emprega 700 pessoas.

Nenhuma das partes avançou o que vai acontecer aos 400 trabalhadores da Carrier que ficam fora dos “quase mil postos de trabalho” que vão ser mantidos no Indiana, nem aos 700 que trabalham na United Technologies Electronic Controls.

A notícia foi recebida em euforia pelos apoiantes de Donald Trump, mas muitos analistas aconselham cautela: para além de a Carrier não figurar sequer na lista das dez empresas da cidade de Indianápolis que empregam mais trabalhadores da classe média operária, é normal que os governadores dos estados ofereçam incentivos para que muitas empresas não saiam das suas cidades – neste caso, o acordo pode ter sido facilitado pelo facto de o vice-presidente eleito, Mike Pence, ser ainda o governador do Indiana.

Os 65 milhões de dólares que a Carrier iria poupar poderão ser recompensados não só com incentivos fiscais mas também com futuros negócios com a Administração Trump, já que a United Technologies é uma empresa do sector da defesa com inúmeros contratos com o Governo – recebe por ano 5,6 mil milhões de dólares, ou 10% de toda a sua receita, e não estará interessada em ter um mau relacionamento com o próximo Presidente.

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