“Não coloco nenhuma medida cautelar” à nova administração da CGD

Jerónimo de Sousa defende a banca pública e insiste na manutenção desta do Novo Banco.

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"Não coloco nenhuma medida cautelar" à nova administração da CGD São José Almeida, Frederico Batista, David Dinis

Se pudesse voltar atrás, o que de mais importante acrescentaria hoje nesse protocolo que foi assinado? Por exemplo, em relação à banca, o PCP deveria ter feito alguma ressalva?
Sempre considerámos e continuamos a considerar é a defesa da banca pública. Consideramos mesmo que, por exemplo este processo de venda do Novo Banco não vai a favor do desenvolvimento económico do nosso país. Consideramos que tendo em conta os investimentos feitos pelo Estado, designadamente através do fundo de resolução, que o Estado devia assumir o controlo público desse banco. Tal como em relação à CGD, na linha daquilo que é a nossa proposta da necessidade de defender um sistema financeiro, portanto, uma banca pública porque se não for pública inevitavelmente será privada.

Por que é que o PCP não votou ao lado do PSD, CDS e BE a lei que clarificava a obrigatoriedade da administração da CGD entregar as declarações de rendimento e património no Tribunal Constitucional?
Em primeiro lugar porque era um acto de eficácia inútil. Essa proposta no essencial visava desvalorizar uma lei que está em vigor, que obriga os políticos.

Aparentemente não era o entendimento da administração da CGD nem do Ministério das Finanças.
Pode ser entendido como uma posição de confronto e conflitualidade, mas a verdade é que é uma norma aprovada pelo PSD e pelo Bloco que visa entrar em vigor em Janeiro, quando, pelos prazos, o Tribunal Constitucional iria decidir antecipadamente.

Era desnecessária?
É fazer uma lei para dizer que se cumpra a lei. No essencial foi este o objectivo.

E isso merece-lhe um voto contra, quando há pessoas que tinham dúvidas?
Para nós não havia dúvida nenhuma. Sempre consideramos esse facto como mais uma acção de chicana política do PSD que nunca esteve animado verdadeiramente pela necessidade da recapitalização da Caixa nunca esteve de facto empenhado na transparência do processo, designadamente em relação à questão dos rendimentos. Se acompanhar desde a comissão de inquérito, todo um processo de incidentes - não estou dizer que o Governo esteve inume de responsabilidades em relação à condução do próprio processo - claramente surge a confirmação de uma ideia que já tinha sido expressa por Passos Coelho no passado: se necessário, privatize-se a CGD.

Mas o BE não tem exactamente esse pressuposto.
Não me peça para dar conselhos ao BE. O BE tem o poder de decisão em relação à sua vida, mas nós registamos o facto. O BE marcou neste processo - não sei se bem se mal intencionado, não me cabe a mim fazer juízos de valor - agora que era mais uma peça deste folhetim que o PSD agarrou com o objectivo de comprometimento em relação à recapitalização da Caixa. Na falta até de uma perspectiva, de um projecto, de um posicionamento claro alternativo em relação ao OE2017, ergueu esta bandeira, filou-a, não a largou, que conduziu a esta situação actual.

Agora que António Domingos apresentou a demissão, o PCP considera que o Governo deve ter mais cuidado na escolha da nova administração?
Não coloco nenhuma medida cautelar, aquilo que define a posição do meu partido é da necessidade absoluta de escolher alguém com competência e empenhado no serviço público que representa a CGD. São duas condições que consideramos fundamentais. Obviamente a escolha não é nossa, é do Governo, mas são dois critérios importantíssimos que deviam animar o Governo em relação à solução para a administração da Caixa.

Anoto que não incluiu nessas precondições que o salário do próximo presidente seja mais baixo.
Fizemos uma proposta que foi recusada, designadamente pelo PSD.

E pelo PS.
E pelo PS, de limitar o nível dos vencimentos a partir do vencimento do Presidente da República. Era nossa proposta que não teve vencimento.

Paulo Macedo é um bom nome?
Não quero fazer juízos de valor antecipados.

A nova administração deve levar para a frente o plano de reestruturação e recapitalização?
Deve levar por diante o processo de recapitalização. Em relação à restruturação, consideramos que tem que ter uma componente importante de salvaguarda dos postos de trabalho e dos direitos dos trabalhadores da Caixa.

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