Algarve critica que Hospital Central tenha ficado no tinteiro

A nova unidade de saúde do Algarve estava classificada em segundo lugar na lista das prioridades das construções hospitalares. Agora, estão à frente as cidades de Évora e o Seixal

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Jose Fernandes

A construção do Hospital Central do Algarve ficou mais uma vez adiada. As novas unidades de saúde que vão ser lançadas em 2017 são Lisboa Oriental, Évora e Seixal. “Inconcebível para os interesses da região e a economia do país”, reagiu, em declarações ao PÚBLICO, o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, lembrando a importância do investimento na área da saúde como forma de “qualificação” do destino turístico. Em 2008, ex-primeiro-ministro, José Sócrates, colocou a “primeira pedra” da obra que afinal nunca se fez.

A recente criação do Centro Académico Clínico, em parceria com o curso de medicina da Universidade do Algarve, aumentou a responsabilidade do Hospital de Faro (HF) na área da investigação. Porém, na assistência aos utentes, os clínicos confrontam-se com uma crónica falta de recursos humanos e equipamentos obsoletos, sendo que muitos deles estão avariados. Por outro lado, cresceu a oferta de serviços nas clínicas privadas.
“O investimento privado na saúde é importante mas não substitui a construção do hospital central”, sublinha Elidérico Viegas, membro do grupo de trabalho multidisciplinar nomeado pelo Ministério da Saúde em 2006 e que tinha como objectivo definir o programa da nova unidade de saúde. 

Nesse ano, um estudo elaborado pela Escola de Gestão do Porto, a pedido do então ministro da Saúde, Correia de Campos (actual presidente do Conselho Económico e Social), colocou o Algarve à cabeça das prioridades nacionais na lista dos projectos para a saúde. “Passou da décima posição para o segundo lugar”, recorda o antigo reitor da Universidade do Algarve, Adriano Pimpão, impulsionador do Curso de Medicina na região. 
O anterior Governo socialista decidiu que o primeiro novo hospital a construir seria o de Todos os Santos, na zona oriental de Lisboa, mas depois seria feito o do Algarve. A seguir, nessa lista de prioridades, estava o alargamento do Hospital Garcia da Horta, em Almada e a construção de uma nova unidade em Évora.

Há dois dias, o actual ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, durante o debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2017, informou que os novos projectos de construção hospitalar são Lisboa Oriental, como já se previa, seguindo-lhe Évora e Seixal e deixando de fora o Algarve. 

O deputado Cristóvão Norte, PSD, eleito pelo Faro, aproveitou a ocasião para questionar o governante sobre se houve algum estudo para contrariar o que tinha sido assumido pelo anterior governo socialista. A construção do novo hospital, defende Adriano Pimpão é “decisiva para afirmação do Centro Académico Clínico”. O aumento do número de clínicas privadas, sublinha, “de forma alguma justifica o adiamento da construção de novo hospital público”. No mesmo sentido pronunciou-se o representante distrital da Ordem dos Médicos, Ulisses de Brito: “Muito mal estaríamos quando o SNS fosse substituído pelos privados”. A construção de uma nova unidade de saúde de “ponta e altamente diferenciada é absolutamente indispensável para o futuro da região”.

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